O Plebiscito que estão armando para Cuiabá e Várzea Grande sobre VLT contra BRT é uma ação irresponsável e inútil. Provavelmente, desconhecendo as complexas variáveis que influem no assunto, os consultados escolherão o moderno VLT.
Da mesma forma, não conhecendo os valores, optariam por um SUV tecnologicamente completo no lugar de um carro básico de 1.000 cilindradas; ou de uma lancha de 30 pés contra um barco de alumínio.
Basta, entretanto, informá-los de que o carrão custo 500 mil reais e o básico, 60 mil; e que a lancha vale (sei lá) 30 mil, contra dois mil do barco, para cada um repensar a escolha. Adicionalmente, seria interessante informar aos consultados que o SUV e a lancha (VLT), têm um custo de manutenção alto, diferente do carro básico e do barco(BRT).
O problema é que população não reconhece como seu o dinheiro recolhido como impostos pelos gestores. Dessa forma não se preocupa com os desperdícios nos investimentos públicos
Prefeitos e Governadores sabem que nós (o povo) não temos capacidade de julgar tecnicamente o que é bom e o que é ruim para o Município ou Estado. Assim, a análise para escolha do modal precisaria ser respaldada por uma série de informações de que não dispomos, se temos não sabemos usá-las e, se somos capazes, falta-nos paciência para fazer cálculos, que no fim serão jogados no lixo.
Ao povo (nós de novo) pouco importa se o Estado gasta um bilhão ou dois bilhões para instalar o trem Cuiabano, diante dos 500 milhões para os ônibus do BRT. Nem conta que o poder público tenha que colocar mais dinheiro todo dia para completar o valor da passagem, se escolher o transporte mais sofisticado. *
Esta história de que os Cuiabanos e Várzea-grandenses merecem receber o que tem de mais moderno é retórica matreira de político, porque definitivamente não se trata de merecer, pois afinal, merecer todos merecem.
O que conta, em última análise, é o valor consumido para satisfazer esse “merecimento”. E mais: quais setores seriam prejudicados com diminuição dos recursos remanejados? Porque sim, o cobertor é curto: cobrindo a cabeça, descobre o pé.
Ou seja, se gastar todo o dinheiro no VLT, pode ser que haja uma excelente forma de se chegar ao hospital público para uma consulta, e lá não encontrar médicos e enfermeiros disponíveis.
Este VLT/BRT, desculpem-me a vulgaridade, já encheu o saco. Faz dez anos que os Governadores, Prefeitos, Deputados e Vereadores o usam, cada um de seu jeito. Uns o fazem ou fizeram por incompetência; outros, perdão de novo pela palavra chula, por pura sacanagem.
Por fim, é bom lembrar a balda que os políticos de todas as esferas desenvolveram, nos últimos anos, aqui no Brasil: como crianças birrentas e mal-educadas, não aprenderam a lidar com frustrações. Se contrariadas, rolam no chão, esperneando e gritando, até que o Pai (o Judiciário) reponha a ordem na casa. Este insensato plebiscito levará os perdedores a nova pirraça e a mais uma infindável demanda judicial.
*Os exemplos dos carros e barcos são retóricos, não pretendem exprimir real proporção do VLT com o BRT).
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor