Na bacia do Paraná-Tietê, que cruza São Paulo, o volume atual de cerca de 5,7 milhões de toneladas poderia crescer quase oito vezes, passando para 50,6 milhões. Isso equivaleria a 3,3% de toda a carga a ser transportada projetada para a região.
Esta são algumas projeções a que chegou o PNHI (Plano Nacional de Integração Hidroviária), estudo encomendado pela Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário) e realizado pelo Labtrans da Universidade Federal de Santa Catarina, que foi apresentado hoje em Brasília.
Mas, para chegar a esse volume, seria necessária uma série de intervenções do governo que elevariam de cerca de 14 mil para 23 mil a extensão das principais hidrovias nessas bacias, além da criação de 65 terminais logísticos para a distribuição das cargas.
Segundo o superintendente de Navegação Interior da Antaq, Adalberto Tokarski, as obras foram relacionadas no PNHI mas não foram levantados seus custos porque, segundo ele, esta será uma tarefa dos governos federal e estaduais.
Tokarski afirmou que o estudo levantou todas as possibilidades de transporte por todos os meios, inclusive rodoviário e ferroviário, em cada região do país para chegar a um banco de dados. A partir desse banco, será possível pesquisar os menores custos de transporte em cada ponto do país. Segundo ele, a ideia é deixar esse banco de dados público para permitir que empresários possam tomar decisões de onde instalar suas empresas ou terminais de distribuição de carga.
"Esse estudo vai proporcionar que possamos comparar as rotas para escolher as de menor custo e menor emissão", disse Tokarski.
André Ricarco Hadlich, que coordenou o estudo pelo Labtrans, afirmou que foram realizadas pesquisas de campo para estimar a atual demanda de carga de cada região e quanto poderia ser transportada pelos rios. Segundo ele, o potencial de transporte hidroviário do país mostrou-se grande porque há muita produção, principalmente mineral e de grãos, próxima aos rios que não pode ser escoada por eles.
"Identificamos uma demanda projetada grande de transporte nessas regiões e vamos precisar de investimentos em hidrovias", afirmou Hadlich.
O Secretário Nacional de Política de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato, disse no evento que esse estudo poderá dar condições para que se crie um programa de investimentos em hidrovias nos moldes do que o governo já apresentou para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Segundo ele, os investimentos em hidrovias no PAC 2 foram pequenos até agora porque não havia estudos que apontassem os reais benefícios que as obras trariam o que, para ele, foi sanado com o PNHI.
"Nos pedimos ao governo R$ 7,2 bilhões em obras hidroviárias mas só recebemos autorização para R$ 2,7 bilhões. Mesmo assim, não conseguimos gastar isso", afirmou Perrupato afirmando que os projetos hidroviários não estavam bem estudados.
Fonte: FOLHA.COM