O plano de enfrentamento à situação de emergência por causa da crise hídrica sai em 15 dias, adiantou nesta quinta-feira (26) ao G1 o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio. O conjunto de ações que o governo vai elencar como necessárias para reagir à escassez vai servir para o governo do Distrito Federal “barganhar” o repasse de verba federal.
Entre outras medidas, o plano do GDF deve incluir a realização de obras e possível assistência a agricultores da região da bacia do Descoberto – responsável pelo abastecimento de 60% do DF, onde o racionamento está em vigor há duas semanas. O pedido para que o governo federal reconheça a situação de emergência para crise hídrica por 180 dias será feito nesta quinta, diz o secretário.
De acordo com Sampaio, os diversos órgãos do governo estão juntando esforços para colocar um plano que seja rapidamente executado, de forma integrada.
A previsão do governo é de fazer, com recursos do Ministério da Integração Nacional, obras para canalizar até o reservatório do Descoberto cursos de água isolados da região. Também devem ser feitos trabalhos para criar bacias de retenção e evitar infiltrações e perdas de água. O estado de emergência permite ao governo fazer compras sem licitação.
Quanto à assistência a um grupo estimado de 12 mil agricultores do Descoberto, o governo ainda estuda de que forma vai ser dado o apoio. Entre as estratégias discutidas, avalia-se a criação de uma bolsa ou ainda mais facilidades para concessão de crédito para o setor.
Na segunda (23), o governo decidiu restringir a captação de água do Descoberto, barrando a concessão de novas licenças para exploração do recurso. Ao G1, Sérgio Sampaio afirmou que, no momento, não se pensa em impedir totalmente o acesso à água para os agricultores que já têm autorização. A medida só deve ser tomada em caso de extrema gravidade.
O fato de o governo ter decretado nesta quarta situação de emergência é também uma forma política de sensibilizar os diversos órgãos da União, disse Sampaio. Um dos alvos que pretende “comover” é o Ministério da Transparência, que apontou em agosto uma série de suspeitas nas obras do sistema Corumbá IV, fazendo com que o Ministério das Cidades suspendesse os repasses federais para a construção.
A hidrelétrica de Corumbá IV é tida desde 1999 como uma das apostas para reforçar o abastecimento de água no DF. O pente-fino na construção detalha direcionamento da licitação, aumento da quantidade de equipamentos comprados sem justificativa e com alto valor. O prejuízo apurado já atinge R$ 1 milhão, mas pode alcançar R$ 6 milhões segundo estimativa da União.
Racionamento
Nesta quinta, são afetados pelo racionamento pela segunda semana consecutiva as regiões de: Guará I e II, Polo de Modas, Colônia Agrícola Bernardo Sayão, setor Lúcio Costa, Super Quadra Brasília, Colônia Agrícola Águas Claras, Taguatinga Sul, Arniqueiras, Areal e Riacho Fundo I.
Isso significa que, nas casas, comércios e prédios públicos dessas áreas, o fornecimento só começa a ser retomado a partir das 8h de sexta (27) – e vai voltando, gradualmente, até o fim de sábado (28). De domingo (29) a terça (31), as torneiras funcionam normalmente mas, na quarta (1º), deve haver novo corte.
Fonte: G1