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PJC investiga delegado que invadiu casa e prendeu mulher que teria descumprido medida protetiva

A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso afirmou, nesta quarta-feira (30), que está investigando a conduta do delegado Bruno França, que invadiu a casa de uma mulher em condomínio de luxo de Cuiabá e apontou a arma para a família dela. Segundo a polícia, a ação foi motivada pelo suposto descumprimento de uma medida protetiva contra um adolescente de 13 anos, enteado do delegado.

As câmeras de segurança da casa registraram a ação policial, realizada na noite de segunda-feira (28). As imagens mostram França bastante agressivo. Ele arromba a porta, manda que todos deitem no chão e, em determinado momento, diz que vai explodir a cabeça da mulher. A menina grita e pede que parem com abordagem.

O delegado-corregedor da Polícia Civil, Marcelino Felisbino, disse ainda que a polícia está apurando como foi realizado o acionamento da equipe operacional de elite.

“Já temos pessoas intimadas para apurar como foi e a justificativa para ter essa operação policial. A primeira coisa é buscar se houve alguma ação imprópria e, tendo indício, vai ser instalado um procedimento formal e, posteriormente, a responsabilização dos atos", disse.

Felisbino disse que a polícia também vai investigar se houve descumprimento da medida protetiva por parte da mulher. A punição para o delegado, caso haja a comprovação de ação imprópria, pode ser de advertência ou até suspensão.

Bruno França é trabalha no município de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, e está em estado probatório. Ele foi aprovado no último concurso da Polícia Civil. e ingressou na instituição em janeiro deste ano.

 

Entenda o caso

O caso aconteceu no condomínio de luxo onde a família mora e o menino jogava futebol com amigos. Conforme a Corregedoria da Polícia Civil, a medida protetiva foi motivada por uma determinação da polícia requerida ao adolescente dentro de uma investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Porém, o advogado da mulher, Rodrigo Pouso Miranda, afirma que nem ele nem a cliente tinham conhecimento da medida protetiva e desconhecem o teor dela.

O advogado Diogenes Curado, que representa o delegado, informou que a mulher persegue o menor com agressões verbais e ameaças físicas em locais públicos, como quadras de esporte. Que a última agressão teria acontecido na noite de segunda-feira (28) e que “na condição de autoridade policial, pediu apoio de outros agentes de segurança e, tendo conhecimento da medida protetiva expedida pela Justiça, efetuou a prisão em flagrante”.

Vídeo

Nas imagens, o delegado quebra a porta e entra no imóvel com arma em punho. Ele está acompanhado de três policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE) armados com fuzis e manda que todos deitem no chão.

O outro filho da mulher, de 4 anos, chora durante toda a ação e, por diversas vezes, os policiais dão sinais para que França e também os moradores se acalmem.

O vídeo mostra o delegado gritando e xingando a mulher com diversos palavrões e diz: "A próxima vez que ela chegar perto do meu filho, vou estourar a cabeça dela".

“Minha filha tem 4 anos e ele gritava demais ‘vou estourar a sua cabeça’. Meu marido pedia calma e minha filha pedia ‘por favor, para tio, não faz isso’ e ele falava ‘manda essa menina calar a boca’ e apontou a arma para ela. Ele foi agressivo”, contou a mulher, que não quer ser identificada.

 

Relato

 

Delegado armado invade casa de mulher à noite em Cuiabá — Foto: Câmeras de segurança/Cedida

 

A vítima disse que, no momento da ação policial, fazia a filha dormir e assistia à televisão, enquanto o marido fazia uma sessão de massagem.

“Ninguém entendeu aquele absurdo. Foi uma cena de terror, ameaça o tempo inteiro. Nada justifica essa agressividade”, relatou a mulher, que passou por uma cirurgia recente na mão e está com drenos.

A família morava em outro condomínio, onde o filho de 11 anos passou a ser agredido e a sofrer bullying por crianças do bairro – entre elas, conforme Pouso, o enteado do delegado. Por isso, decidiram se mudar.

“Fiquei em desespero e meu marido deu a ideia de mudar de casa, porque a gente não aguentava mais. As famílias foram notificadas e ninguém veio falar com a gente. Meu marido conversou com alguns pais sobre a situação e alguns entenderam. Antes de acontecer isso, eu vi vários episódios de xingamentos, de empurrões. A vítima é meu filho e, agora, minha minha filha de 4 anos. Ela está sem dormir”, disse a mãe.

O delegado alega que, mesmo morando em outro lugar, a mulher perseguia e agredia verbalmente o enteado.

Redação

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