A sessão ocorreu a portas fechadas na última sexta-feira (7), e a ata da audiência é reservada às partes. Mas ele deu à Justiça italiana uma versão diferente da apuração e das investigações feitas pela Polícia Federal no Brasil. Segundo ele, seus documentos originais foram roubados na Espanha, às vésperas de viajar para a Itália.
O brasileiro estava foragido da Justiça desde novembro, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) ordenou sua prisão por 12 anos e sete meses pelo envolvimento no caso do mensalão. Como diretor do Banco do Brasil, ele teria sido responsável pelo desvio de R$ 75 milhões, segundo a Corte.
Em sua edição de domingo (9) o jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade que a sentença de Bolonha rejeitou conceder a prisão domiciliar a Pizzolato por falta de bracelete eletrônico disponível naquele momento, uma realidade de crise que vive a Justiça italiana.
Mas antes de chegar a essa decisão, os juízes colheram um depoimento de cerca de 30 minutos por parte de Pizzolato, que justificou sua fuga, o uso dos documentos falsos e mesmo suas intenções na Itália.
Documentos Falsos
Fora da prisão, a esposa de Pizzolato, Andrea Haas, tem se recusado a falar dos motivos pelo qual seu marido usou os documentos de um irmão morto desde 2008. Mas, diante dos juízes, o condenado optou por dar sua versão.
Segundo Pizzolato, o uso dos documentos falsos apenas ocorreu a partir do momento em que ele estava na Espanha, onde supostamente foi furtado. A PF já indicou que sua apuração mostra que Pizzolato já embarcou em Buenos Aires em direção à Espanha com o documento de seu irmão morto, Celso. Ele até mesmo votou em nome do irmão em eleições no Brasil.
Sua versão era diferente. "Sofri o furto de meu documento de identidade na Espanha na noite que eu estava saindo para a Itália", justificou. Mas admitiu: "Ao chegar na Italia dei os dados de meu irmão por meu medo que o Estado brasileiro me buscasse por minha condenação".
Condenação
O brasileiro deu sua versão sobre o processo do mensalão e sua condenação. "Fui condenado ao final de um processo político por parte do órgão judiciário supremo, ao lado de ministros do governo Lula e de deputados do Partido dos Trabalhadores", indicou. "Diferente do que é previsto no ordenamento brasileiro, não fui julgado em outros graus, provavelmente porque estou ligado ao sindicato e ao partido", justificou.
Pizzolato fez ainda referência a documentos do Banco do Brasil que, segundo ele, indicariam que seria inocente. "O Banco (do Brasil) disse que eu não tenho o poder de dispor de tal montante e o banco atentou que não houve nenhum erro", insistiu.
Ele ainda fez uma denúncia: "o documento no processo contra minha pessoas foi assinado por outra pessoa".
Fuga
Pizzolato também explicou porque fugiu do Brasil. "Vim para a Itália com minha mulher para encontrar uma situação de serenidade, diante do processo que me vi envolvido no Brasil", justificou.
"Na Itália, de fato, vive meu sobrinho, engenheiro com contrato de no mínimo três anos com a Ferrari, desde 1 de outubro de 2012", explicou. Aos juízes, Pizzolato foi dramático em seu apelo para permanecer no país europeu. "Quero ficar na Itália até o fim da minha vida. Não tenho mais para onde ir", declarou.
O brasileiro indicou que estava disposto até mesmo a ser submetido a um bracelete eletrônico, como forma de garantir que ele não saia. Seu sobrinho, Fernando Grando, se colocou à disposição para receber o tio nessa condição e manter o pagamento do aluguel. Pizzolato, assim, mostrou aos juízes que o familiar tem contrato de aluguel na casa onde vive em Maranello desde março de 2013 e com validade até março de 2017.
R7.com