Agora caberá ao Ministério Público decidir se oferece denúncia na Justiça contra os acusados. Ao todo, 15 pessoas ligadas ao esquema estão presas, inclusive Youssef e Costa. De acordo com a polícia, o esquema movimentou cerca de R$ 10 bilhões em operações ilegais. Também foi indiciado pela polícia o condenado no mensalão Enivaldo Quadrado, ex-proprietário da corretora Bônus Banval.
Parte da fraude, de acordo com as investigações, envolvia prestadoras de serviço que tinham contrato com a Petrobras. Os fornecedores fechavam os negócios e depois repassavam dinheiro às empresas criadas pelo doleiro. Uma delas, a MO Consultoria, empresa que seria de Youssef, que movimentou R$ 90 milhões entre 2009 e 2013. A propina, de acordo com a polícia, era distribuída a Paulo Roberto Costa, políticos e partidos.
A TV Globo teve acesso a informações do relatório da PF que mostram a estrutura do esquema investigado.
A PF destaca no documento que Youssef usava mais de 30 celulares para evitar interceptações. "Quando foi preso, em São Luís, ele estava com 7 celulares e, em uma das empresas que seriam dele, a GFD Investimentos, já tinham sido apreendidos 27 celulares. Investigados disseram que ele fazia isso para dificultar interceptações telefônicas."
A PF conclui: "Faz necessário o cruzamento e análise de 34 celulares para ter a real dimensão da rede de contatos do doleiro. "
No âmbito da operação, a Justiça Federal autorizou o sequestro de três hotéis e seis residências de luxo. Foram apreendidos ainda 25 veículos que valem mais de R$ 100 mil cada e cerca de R$ 6 milhões em dinheiro, além de joias e obras de arte, que serão destinadas esta semana ao museu Oscar Niemeyer para custódia.
Como nem todo o material apreendido foi analisado, a PF poderá acrescentar informações que podem resultar em novas investigações sobre crimes como fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas e sonegação de impostos.
Balanço da operação
A Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira (16) o balanço do material apreendido pela operação Lava Jato. A operação foi resultado de quatro inquéritos que investigavam a atuação de organizações chefiadas por doleiros que, segundo a PF, possuíam negócios em comum relacionados à lavagem de dinheiro no país.
No total, de acordo com a PF, foram cumpridos 105 mandados de busca e apreensão, 19 de prisão preventiva, 12 de prisão temporária e 27 conduções coercitivas (quando o suspeito é levado a depor). Em nota, a Polícia Federal informou que 15 pessoas estão presas (14, em Curitiba, e uma, em São Paulo) e há duas foragidas.
Os 46 suspeitos que foram indiciados pela PF vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, crimes contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Dois doleiros, segundo a Polícia Federal, também foram indiciados por financiamento ao tráfico de drogas.
G1