A Polícia Federal vai investigar um suposto esquema de desvios de dinheiro público destinado ao combate à covid-19, envolvendo empresas e a Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso. A entrada da PF no caso ocorre após denúncia de omissão por órgãos de fiscalização do estado.
O trabalho da PF vai usar dados já apurados durante as duas fases da operação Espelho, desenvolvida pela Polícia Civil. O Primeira Página apurou que a corporação federal encaminhou ofício à estadual. pedindo compartilhamento de informações.
As investigações iniciais são Deccor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção), na Operação Espelho 1 e 2, que resultaram no indiciamento de 22 empresários pela prática de crimes licitatórios e organização criminosa. Cerca de R$ 35 milhões em bens dos envolvidos foram bloqueados pela Justiça.
A Justiça também autorizou a instauração de outros inquéritos policiais para investigar participação de agentes públicos. O inquérito tinha sido encaminhado ao Poder Judiciário Estadual, em segredo de Justiça.
Com isso, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), mais 3 deputados e 14 vereadores fizeram uma denúncia pedindo para que as investigações fossem realizados pela Polícia Federal. O documento alegou possível interferência e/ou aparelhamento por parte de órgãos de controle do Estado.
Além disso, aponta a demora de mais de três anos para providências, assim como o valor de mais de R$ 300 milhões, que podem ter sidos pagos irregularmente. As verbas seriam de origem do Governo Federal.
Operação Espelho
Deflagrada em 2021, a primeira fase da Operação Espelho investigou fraudes e desvios de valores ocorridos no contrato de prestação de serviços médicos no Hospital Estadual Lousite Ferreira da Silva (hospital metropolitano), em Várzea Grande.
Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil apurou que a empresa contratada integrava um cartel de empresas dedicado a fraudar licitações e contratos de prestações de serviços médicos, principalmente, de UTIs, em todo o estado. Foram identificados contratos fraudulentos com hospitais municipais e regionais de Mato Grosso.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a SES e aguarda manifestação. A Polícia Federal também foi procurada e ainda não retornou.