Policiais federais e agentes da Receita Federal apreenderam, neste domingo (5), cerca de 1,5 tonelada de cocaína no Porto de Vitória (ES). A droga estava escondida em um navio de carga de bandeira italiana, o Grande Amburgo.
Segundo a Polícia Federal (PF), a apreensão da droga guardada em 52 fardos é resultado de investigações realizadas em conjunto com outros países e que já resultou em ações semelhantes nos portos de Santos (SP), da ilha espanhola de Tenerife e de Hamburgo, na Alemanha.
Segundo o boletim de movimentação divulgado pela administradora do terminal de Vitória, a Vports, o navio atracou no porto capixaba às 14h10 deste domingo e, desde então, está “arribado”, ou seja, forçado a permanecer no porto até ser liberado pela PF, que instaurou inquérito para apurar o caso.
Ainda de acordo com o boletim da Vports, o Grande Amburgo pertence à companhia italiana Grimaldi Group e estava sendo operado pela agência marítima Lachmann e pela operadora portuária Poseidon, ambas brasileiras,
A Agência Brasil entrou em contato com representantes da Poseidon e da Lachmann. A primeira informou ser responsável apenas pela operação de carga e descarga, e que como os agentes federais abordaram a embarcação antes do início dos trabalhos, seus funcionários não chegaram a ter acesso ao Grande Amburgo. A Lachmann não se pronunciou sobre o ocorrido até a publicação desta reportagem.
Europa
Ainda de acordo com a PF, mais de 50 servidores dos dois órgãos federais participaram da varredura para verificar a informação de que o navio cargueiro partiria do porto capixaba com destino à Europa levando a bordo uma grande carga de drogas.
Na ação também foram empregados 14 cães farejadores, duas embarcações da PF e da PRF usadas no patrulhamento portuário e drones subaquáticos usados para examinar parte do casco da embarcação. A ação também contou com apoio da Marinha. Os 52 fardos estavam escondidos em dois pontos diferentes do navio, acondicionados de forma a ser atirado ao mar assim que o navio se aproximasse de seu destino final – ainda não informado pela corporação.
A PF também ainda não sabe em que momento a droga foi levada a bordo, mas suspeita de que ela foi içada, com a ajuda de pessoal de dentro do navio. “O modelo dos pacotes de droga indica que eles foram içados de fora para dentro do navio. A suspeita, portanto, é que houve sim participação de algum tripulante para colocar e esconder esta droga”, afirmou o superintendente da PF no Espírito Santo, Eugenio Ricas.
Além de recolher as impressões digitais e os depoimentos dos 28 tripulantes, os investigadores já recolheram amostras de material genético e impressões digitais encontradas nos fardos de droga. Até a manhã desta segunda-feira (6), ninguém tinha sido preso, mas segundo o superintendente da PF, a tripulação do Grande Amburgo deve permanecer retida no Brasil pelo tempo que as investigações exigirem.
“Pretendemos não liberar a saída dos tripulantes até termos o resultado da comparação das digitais e [eventualmente] do material genético. A partir daí, se alguém for identificado, certamente será preso e os demais vão ter a saída liberada”, disse Ricas a jornalistas.
“Nossas investigações vão buscar apontar quem contribuiu para que aquela droga fosse colocada no navio; para quem ela seria entregue na Europa, enfim, para conseguirmos identificar toda a organização criminosa por trás deste absurdo tráfico de entorpecentes”, assegurou o superintendente.
Pará
Também neste fim de semana, um barco pesqueiro brasileiro foi apreendido no Golfo da Guiné, já próximo à costa da África Ocidental, carregando 885 quilos de cocaína. Segundo a Superintendência da PF no Pará, a apreensão, pela Marinha da França, foi possível graças a informações repassadas pela corporação com as autoridades francesas.
De acordo com a PF, a pequena embarcação iniciou a viagem com destino ao continente africano a partir de um ponto em Bragança, município do nordeste paraense. Os quatro tripulantes não possuíam documentos do barco, que não tinha seu nome de identificação pintado no costado, nem bandeira do país de origem – práticas adotadas para dificultar as investigações policiais.
As apreensões de cocaína a bordo de navios operados por brasileiros ocorreram na véspera do início da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que possibilita que militares da Aeronáutica, Exército e Marinha atuem para prevenir e reprimir o tráfico de drogas e de armas, além de outros tipos de crimes, em três portos e dois aeroportos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, bem como no Lago de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Para cumprir o que estabelece o Decreto 11.765, publicado na última quarta-feira (1), cerca de 3,7 mil membros das Forças Armadas vão atuar em conjunto com outras forças federais de segurança nos portos de Santos (SP), do Rio de Janeiro (RJ) e de Itaguaí (RJ); bem como nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Tom Jobim (RJ).A previsão é que a GLO vigore até 3 de maio de 2024.
Matéria alterada às 14h42 para acréscimo de informações sobre a operação do Pará.
Título da matéria foi alterado às 9h02 desta terça-feira (7) para correção de informação: o trabalho conjunto foi da Receita Federal com a Polícia Federal e não com a Polícia Rodoviária Federal, como informado anteriormente.