Petroleiros que trabalham na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), estão confinados dentro da empresa desde a última quarta-feira (28). Eles não sairam do local porque não houve rendição de funcionários, devido a greve nacional. A Petrobras diz que não há previsão de desabastecimento do mercado, mas a produção caiu.
De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), os trabalhadores do Grupo 3, que não foi rendido às 23h de quarta-feira, permanecem na unidade há uma semana.
Segundo o diretor do sindicato, Marcelo Juvenal, a Refinaria Presidente Bernardes conta com 1.050 funcionários. Eles trabalham no setor administrativo e em turnos de 12 horas na área da produção. 90% deles estão em greve.
Cerca de 30 petroleiros estão confinados na refinaria há mais de 170 horas. Isso acontece porque os trabalhadores em greve impedem a entrada dos funcionários que renderiam os que estão no local. Como o trabalho não pode ser parado, pois há risco de explosão, os funcionários que estão dentro da refinaria seguem trabalhando em suas funções.
“Eles dormem na empresa, nos locais de trabalho, acordam, trabalham, mas está com o quadro reduzido de trabalho. A empresa fornece alimentação”, explica Juvenal.
O sindicato pede que o gerente geral da Refinaria Presidente Bernardes se manifeste, desligue as máquinas e libere os trabalhadores, o que não ocorreu até o momento. "Se for parado de forma organizada, é parado com segurança, esvaziado, não tem risco nenhum de acidente. A empresa proibiu de entrar os sindicalistas para verificar a situação dos trabalhadores. Nosso único contato é através de ligações”.
Na semana passada, a Justiça esteve na refinaria para garantir a saída dos trabalhadores. A empresa pediu um prazo maior para realizar a liberação, prazo este que seria a troca de turno das 15h do sábado (31). No entanto, isso não aconteceu até esta quarta-feira (4).
O sindicato iniciou a liberação desses trabalhadores com o respaldo da Justiça. Já foi feita a saída de quatro operadores da Unidade C, garantida após mediação da assessoria jurídica do Sindipetro-LP com a juíza do trabalho, Ana Lucia Vezneyan, que emitiu petição autorizando a saída. Outros dois também saíram na noite de sexta-feira (30), após diligência. Os trabalhadores terceirizados estão trabalhando normalmente.
Greve
A greve foi iniciada na quinta-feira (29) por cinco sindicatos que compõem a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). No domingo (1), uniram-se ao movimento os sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), incluindo o da Bacia de Campos.
Os sindicatos que integram a FUP começaram a aderir, no domingo, ao movimento iniciado pelos sindipetros Litoral Paulista, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Alagoas/Sergipe e Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá.
A categoria, que pede reajuste salarial de 18%, rejeitou a proposta da Petrobras de reajuste de 8,11%. A paralisação também protesta contra o plano de venda de ativos da estatal e busca manter direitos dos trabalhadores, em meio às dificuldades financeiras da estatal. Contrária ao plano de desinvestimentos na Petrobras, a FUP reivindica interrupção do processo de terceirização em curso na empresa e a retomada dos investimentos no país.
Prejuízos
A Petrobras informou nesta terça-feira (3) que a greve de trabalhadores da empresa, coordenada pelas entidades sindicais, afeta as operações da companhia. Segundo a empresa, na segunda-feira (2), houve queda de produção de 273 mil barris de petróleo, o que corresponde a 13% da produção diária no Brasil. Adicionalmente, 7,3 milhões de metros cúbicos de gás natural deixaram de ser disponibilizados, o que equivale a 14% do gás ofertado diariamente ao mercado brasileiro.
Nesta terça-feira (3), a Petrobras estima que a produção de petróleo no Brasil tenha registrado uma redução de 8,5% em relação à produção diária anterior à greve. Já a queda estimada para a disponibilização de gás é de 13%.
Mais cedo, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) havia informado que a paralisação de trabalhadores da Petrobras impediu a produção de cerca de 25% do petróleo extraído habitualmente pela companhia entre domingo e segunda-feira (2). A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou uma nota afirmando que a greve não trouxe riscos de desabastecimento de combustíveis no Brasil até o momento.
A Petrobras está tomando as medidas necessárias para garantir a manutenção de suas atividades, preservando suas instalações e a segurança de seus trabalhadores. A companhia reitera que, apesar do efeito na produção de petróleo e gás no Brasil, resultante do movimento grevista, a distribuição está funcionando dentro da normalidade e não há previsão de desabastecimento do mercado.
Fonte: G1