A Petrobras informou ao mercado nesta quarta-feira (1) que estuda a abertura de capital da Petrobras Distribuidora S.A. (BR) – ou seja, a possibilidade de negociar ações da BR Distribuidora, que atua na distribuição de combustíveis, na bolsa de valores.
A diretoria executiva da empresa se reuniu na terça-feira (30) e decidiu iniciar os estudos sobre possibilidades estratégicas para a subsidiária. Além da abertura de capital, outra possibilidade que será explorada é a de "atração de um sócio estratégico".
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais, informou que, até a noite desta quarta, não havia sido registrada nenhuma ação para a abertura de capital da BR Distribuidora.
"A presente comunicação não deve ser considerada como anúncio de oferta e a realização da mesma dependerá de condições favoráveis dos mercados de capitais nacional e internacional", ressaltou a Petrobras no comunicado.
"Esta iniciativa faz parte do Plano de Desinvestimento da Petrobras e, caso a abertura de capital venha a ocorrer, se dará através de oferta pública secundária de ações da referida companhia", diz ainda o texto.
A abertura de capital é uma maneira de captar recursos no mercado privado. Esses recursos podem ser utilizados para investimentos da empresa.
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, falou, com exclusividade para Miriam Leitão, sobre o lançamento de estudos para a abertura de capital da BR Distribuidora. Ele disse que, a depender dos estudos, a companhia poderá abrir até 25% do capital. E, se possível, ser até mais ousada.
"Nós estamos iniciando estudos com amplo debate com apoio de alguns advisors de achar uma melhor solução para a abertura desse mercado da BR Distribuidora. Nós podemos partir para simplesmente um IPO regular, como também temos outras alternativas, com buscas de sócio-estratégico. O que a gente está buscando é, com a vinda de sócios, com a abertura de capital disso, dar uma melhor governança pra companhia. A gente entende que é um ativo de extrema relevância, um ativo que eu acho que o mercado tem um grande interesse e a gente pode deixar a companhia numa situação muito melhor num modelo de gestão de melhor governança e aderindo a um novo mercado", afirmou Bendine.
Novo plano de negócios
A Petrobras vai investir menos nos próximos anos. O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 prevê US$ 130,3 bilhões em investimentos – uma redução de 37% na comparação com o plano anterior, de 2014 a 2018.
O novo Plano de Negócio foi aprovado na sexta-feira (26) pelo Conselho de Administração da estatal. A companhia informou que o plano tem como "objetivos fundamentais a desalavancagem da companhia e a geração de valor para os acionistas". Recentemente, a estatal divulgou que teve o primeiro prejuízo desde 1991. As perdas com esquema de corrupção, que é investigado pela Operação Lava Jato, chegaram a R$ 6,194 bilhões no ano passado.
Para melhorar a situação das contas, além de reduzir investimentos, a empresa também pretende vender bens e outros ativos – é o chamado desinvestimento. O montante de venda previsto para este e o próximo ano soma US$ 15,1 bilhões.
A BR Distribuidora, criada em 1971, tem atualmente uma rede de 7,5 mil postos de serviços em todos os estados e abastece também 10 mil grandes clientes entre indústrias, termelétricas, companhias de aviação e frotas de veículos, segundo informações do site da empresa.
Outra medida de desinvestimento
A Petrobras também informou nesta quarta a venda à PetroRio (ex-HRT) de sua participação de 20% nas concessões dos campos de Bijupirá e Salema, atualmente operados pela Shell, por US$ 25 milhões como parte do Plano de Desinvestimento da estatal.
Os campos estão localizados na Bacia de Campos, em lâminas d'água variando de 480 metros a 850 metros, e têm produção diária média de 22 mil barris de óleo e de 325 mil metros cúbicos de gás associado. O óleo extraído é do tipo leve de 28 graus a 31 graus API.
Segundo a Petrobras, a operação está relacionada à otimização do portfólio na área de Exploração e Produção e alinhada ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019.
A Petrobras informou ainda que a conclusão da transação está sujeita à aprovação da cessão de direitos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Fonte: G1