Vespas criadas em laboratório irão combater o amarelão, também conhecido por greening, um grande inimigo da citricultura. A doença causou a erradicação de quase 40 milhões de pés de laranja em São Paulo, maior produtor do país. o laboratório foi inaugurado essa semana.
As manchas indicam que o mosquito do amarelão passou pelo pomar. O inseto, chamado psilídeo, transmite a bactéria que afeta o desenvolvimento dos pomares de laranja e limão. Mas o inseto tem um predador natural. São vespas minúsculas, conhecidas como tamaríxeas, que não passam de um milímetro e precisam se alimentar dos filhotes de psilídeos para se reproduzir.
O laboratório do Fundo de Defesa da Citricultura, em Araraquara, na região central de São Paulo, começou a produzir as vespinhas em larga escala. Os pesquisadores cultivam plantas em estufas, onde os psilídeos depositam os ovos.
Quando as vespinhas adultas são introduzidas no ambiente, elas depositam os ovos bem nos filhotes de psilídeos. As larvas que nascem alimentam-se deles, o que evita a reprodução do inseto que transmite o amarelão. O novo laboratório tem capacidade para produzir até 100 mil vespinhas por mês. “Uma única tamaríxia consegue controlar no campo até 600 psilídeos”, diz o agrônomo Marcelo de Miranda.
Em uma área com um hectare, por exemplo, é preciso liberar pelo menos 400 vespinhas que podem eliminar até 90% dos insetos que transmitem o amarelão. Aos poucos, as predadoras saem em direção às plantas.
“A liberação será feita nas brotações novas porque os psilídeos preferem os ovos deles em brotações novas”, diz a bióloga Ana Carolina Veiga.
A equipe do Fundecitrus solta as vespinhas apenas em pomares abandonados ou em plantações domésticas. O controle biológico é feito onde não tem inseticida, em áreas próximas a pomares comerciais. “Você tem uma redução de plantas contaminadas das áreas comerciais já que o psilídeo infectado dessas áreas de pomares domésticos não chegam até lá”, diz o agrônomo Ivaldo Sala.
A partir de agora, as vespas serão soltas três vezes por semana nas áreas onde há maior incidência dos psilídeos que transmitem o amarelão.
Fonte: G1