Mato Grosso figura entre os estados com os índices mais alarmantes de violência no campo e contra mulheres em áreas rurais, de acordo com relatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) nesta segunda-feira (2). Os dados abrangem conflitos de terra, disputas por água, trabalho escravo e violência direta contra pessoas, com destaque para a vulnerabilidade das mulheres no campo.
No ranking de trabalho escravo, o estado ocupa a 10ª posição nacional, com quatro pessoas resgatadas da condição de escravidão no período analisado. O Amazonas lidera com 100 resgatados, seguido por Minas Gerais e Espírito Santo, que contabilizam 77 e 71 pessoas libertadas, respectivamente. Apesar do número relativamente menor, o dado ainda reforça a persistência dessa prática em Mato Grosso.
Além disso, Mato Grosso aparece entre os três estados com maior número de casos de violência contra mulheres rurais, ao lado do Pará e Maranhão. O estudo ressalta que essas mulheres enfrentam intimidações, criminalizações e ameaças de morte, além de violências físicas e simbólicas que incluem agressões diretas ao corpo feminino, como o aborto forçado.
“A violência contra a pessoa é um reflexo das disputas de poder e recursos no campo. Nos casos das mulheres, a opressão também assume formas específicas e mais cruéis”, destaca um trecho do relatório.
O relatório da CPT reforça a necessidade de políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência rural e ao fortalecimento dos direitos das mulheres, especialmente em um cenário de conflito constante por recursos naturais e territórios no Brasil.