Cidades

Pesquisa mostra falhas da imprensa na cobertura do tráfico de pessoas

 
Apesar da gravidade do problema, uma pesquisa divulgada nesta semana revela que a imprensa brasileira ainda dá pouco destaque à temática. O levantamento foi feito pela organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, com o apoio do Ministério da Justiça e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
 
O coordenador da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, explica que foram pesquisados cinco veículos de mídia impressa entre janeiro de 2006 e julho de 2013. Mais da metade das reportagens pecaram por falta de contextualização, análise crítica das políticas públicas e formas de prevenção.
 
“A abordagem fica muito no âmbito criminal, mas pouco se fala das causas do tráfico de pessoas”, destaca Sakamoto. “Quem lê os jornais brasileiros acha que o tráfico de pessoas é feito por gente má, que não envolve redes, empresas, Poder Público, é uma coisa quase que pontual.”
 
Além da pesquisa sobre a cobertura da imprensa, a organização não governamental Repórter Brasil elaborou um guia com dicas para jornalistas. A ideia é motivar matérias investigativas sobre o tráfico de pessoas, que possam ouvir vítimas, familiares e redes de proteção.
 
A diretora do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça, Fernanda dos Anjos, diz que a sensibilização dos jornalistas faz parte das ações do Segundo Plano Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas, que pretende aumentar a visibilidade para o tema sob a ótica dos direitos humanos.
 
“Esse é um processo de pesquisa, de produção de políticas, de produção de guia de referência, que está alinhado a outras políticas como a Campanha Coração Azul e com a nossa rede de referência que produz o enfrentamento do tráfico de pessoas, faz os atendimentos nos estados e as ações de prevenção nas distintas partes do país.”
 
O tráfico de pessoas é caracterizado pelo recrutamento, transporte e alojamento permanente para fins de exploração sexual, trabalhos forçados, adoção ilegal e extração de órgãos ou tecidos. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos, ou pelo Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
 
Agência Brasil 

Redação

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