O desembargador Orlando Perri indeferiu pedido de condução da ex-primeira dama Samira Martins, ex-mulher do governador Pedro Taques (PSDB). A decisão consta na Representação pela decretação de prisão preventida e mandados de busca e apresentação apresentados nos autos do inquérito policial que investiiga a prática de grampos clandestinos em Mato Grosso
"Não visualizo, pelo menos por ora, indícios suficientes de autoria ou de participação da advogada Samira Martins no grupo criminoso, cuja conclusão poderá ser modificada, obviamente, no decorrer das investigações, caso advenha algum fato novo que demonstre seu envolvimento com o grupo criminoso formado", declarou em decisão.
Perri cita que na primeira inquirição do tenente coronel Costa Soares Soares, principal testemunha no caso dos grampos, a participação de Samira Martins não ficou evidenciada de modo iniludível, porque ela somente abordou um esscrivão do Inquérito Policial Militar (IMP) com os seguintes dizeres: “Você é amigo do LESCO, né? A gente sabe o que você fez”.
Segundo o tenente Soares, Samira estaria falando que sabia de tudo sobre sua dependência química, da situação o envolvendo na empresa e até da gravação. Para ele, ela estaria querendo dizer que era do mesmo grupo e que ele poderia confiar nele.
Para o desembargador, no entanto, hão houve elemento suficiente, até neste instante, do envolvimento de Samira com a organização.
Segundo a delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelo inquérito no TJ-MT, Samira também teria uma “estreitíssima” ligação com Helen Christy Carvalho Dias Lesco, esposa do Coronel da Polícia Militar Lesco e também investigada no presente inquérito. A delegada narra o fato da ex-esposa de Pedro Taques ter acompanhando Helen até a casa do Coronel Soares no dia 17 de setembro de 2017.
O tenente disse, em seu segundo depoimento, que a investigada Helen, sob o pretexto de saber se havia esquecido o celular no seu carro, dirigiu-se até à residência dele. Antes, porém, a advogada Samira, do celular dela, ligou ao depoente, conforme depreende deste trecho da sua narrativa:
“Ela [Helen] fala que o celular dela ficou no meu carro. Não é ela que me liga. Quem me liga é a doutora Samira. Ela manda mensagem, e liga via WhatsApp, se não me engano, tá tudo no celular”.
De acordo com o depoimento do tenente, Helen teria entrado em sua casa para procurar o telefone, mas Samira não acompanhou a amiga, permanecendo no carro.
Essa proximidade de Samira com Helen também não foi considerado indício de envolvimento direto da ex-primeira dama com as escutas.
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