O governador Pedro Taques (PSDB) manteve a possibilidade de reconduzir a chefia da Casa Militar o coronel Evandro Lesco, afastado no dia 23 de junho, em decorrência do mandado de prisão, por suspeita de envolvimento no esquema de escutas ilegais no âmbito da Polícia Militar.
Taques revelou sua torcida para que o secretário afastado saia logo da prisão. Além de Lesco, o adjunto da Casa Militar, coronel Ronelson Barros, também foi preso. Os dois e outros três militares foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE).
“Nós vamos analisar. Não vou jantar antes de almoçar. Espero que ele saia logo da prisão e, então, vou decidir”, disse Taques, durante entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta terça-feira (18).
Taques acredita que fez certo ao não exonerar Lesco e Barros, pois eles não podem ser condenados com antecedência, antes de que a investigação seja concluída.
“No Brasil, estamos vivendo um momento em que o cidadão é investigado, já culpado. Um cidadão é processo, já é condenado. Temos que obedecer ao contraditório e a ampla defesa. Dar ao cidadão esse direito”, declarou.
“Tenho um decreto no qual diz que ficha suja não pode ser secretário. Não diz que é investigado ou dependendo do caso. Eu avaliei e entendi que não [era necessário exonerar]. Analisei as peças sobre a grampolândia pantaneira, como vem sendo chamada, e entendi dessa forma”, completou.
Fraude no protocolo
Taques voltou a comentar sobre a auditoria realizada pela Controladoria Geral do Estado (CGE), que identificou fraude no protocolo de documento encaminhado pelo ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque, que conteria a denúncia sobre os grampos.
Conforme o governador, ainda é preciso confirmar que a documentação que nunca chegou as suas mãos se tratava realmente da denúncia das interceptações ilegais.
“Eu não sei o que ele [Mauro Zaque] protocolou. Quero saber quem fez isso. O que me causa espécie é que, de repente, tem-se um fato como verdade, e outro fato não é verdadeiro. Temos que esperar as investigações. Não julgo as pessoas antes do momento”, pontuou.
Denunciados
Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia criminal contra o ex-comandante-geral da Polícia Miliatr, coronel Zaqueu Barbosa, o secretário-chefe da Casa Militar afastado, coronel Evandro Lesco, e seu adjunto, coronel Ronelson Barros, por suposto envolvimento em esquema de escutas ilegais no âmbito da PM.
A denúncia foi oferecida nesta segunda-feira (17). Além deles, também foram denunciados o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Gerson Correa Junior.
Os cinco vão responder pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar.
Zaqueu e Gerson foram presos no dia 23 de maio, por determinação do juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá. Zaqueu é acusado de ter atuado não só como mandante, mas como o responsável por manter contato pessoal com magistrados para viabilizar a quebra de sigilo telefônico ilegal em Mato Grosso. Já o cabo Gerson era integrante do Núcleo de Inteligência da PM e teria assinado alguns pedidos de grampos à Justiça.
Os coroneis Lesco e Barros foram presos no dia 23 de junho, por decisão do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), relator da investigação dos grampos na Justiça.
Arapongagem em MT
A existência de suposta central clandestina de grampos telefônicos em Mato Grosso veio à tona no 11 de maio, quando o governo do Estado anunciou a exoneração do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques.
Sua saída foi anunciada como um acordo entre Paulo e seu primo, o governador Pedro Taques, para que o homem forte do Executivo deixasse o Palácio Paiaguás e cuidasse pessoalmente das investigações envolvendo a suposta “arapongagem”.
As interceptações ocorreram por meio de uma tática conhecida como “barriga de aluguel” – em que números de telefones de pessoas comuns são inseridos em pedidos judiciais de quebra de sigilo, sem qualquer relação com investigações.
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