Penso em nossos tataravós, bisavós e avós, quiçá nossos pais, que deixaram seu país de origem para construir um futuro em uma terra distante chamada Brasil.
Penso em seus anseios, seus receios, seus medos e suas angústias diante do desconhecido.
Penso em suas dores, seus temores, seus planos que tiveram que ser deixados de lado, a fim de se reinventarem e viverem novos projetos.
Penso nas perguntas sem respostas, nos sonhos frustrados, nas expectativas não alcançadas.
Penso na saudade dos seus, no tanto que se perdeu, na luta diária para recomeçar e reconstruir.
Enfim, penso que todos nós, brancos, negros, amarelos, indígenas, povos tradicionais…
Somos frutos de uma partida, carregamos no sangue a herança de uma diáspora.
Penso, afinal, que somos todos migrantes!
Rafael Lira, 31 anos,
Professor de língua estrangeira (crioulo haitiano), missionário, funcionário público, ativista dos Direitos Humanos e secretário da Associação dos Haitianos em MT (ADHIMI-MT).