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Pela primeira vez, aprovação de Lula cai oito pontos no Nordeste, sua base

Após meses de crises internas e externas com origem na economia e atribuídas pela gestão Luiz Inácio Lula da Silva à comunicação, pesquisa Genial/Quaest divulgada na segunda-feira, 27, indica sinais de alerta ao governo. No Nordeste, região onde tradicionalmente mantém apoio, Lula teve recuo de oito pontos porcentuais em sua aprovação em relação ao último levantamento. O Sul registrou queda de sete pontos, marcando os piores resultados para a gestão nessas regiões. Foi a primeira vez, na série histórica da pesquisa, que a avaliação negativa do governo petista superou a positiva em todo o País.

Nas eleições de 2022, foi na região que Lula consolidou a posição que o levou à Presidência. Obteve 69,3% dos votos válidos, ante 30,66% do candidato derrotado e ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). No Nordeste, a taxa de aprovação do governo caiu de 67% em dezembro para 59% em janeiro, enquanto a desaprovação subiu de 32% para 37%. A parcela de entrevistados que não souberam ou preferiram não responder passou de 1% para 4%.

Já no Sul, o índice de aprovação passou de 46% em dezembro para 39% agora, enquanto a desaprovação cresceu de 52% para 59%. A quantidade de pessoas que não opinaram permaneceu estável, em 2%. Em 2022, Bolsonaro obteve na região 61,84% dos votos, ante 38,16% de Lula.

O levantamento ouviu 4.500 pessoas presencialmente, entre os dias 23 e 26 de janeiro, após a crise do Pix. A margem de erro é de um ponto porcentual, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.

No Sudeste, a aprovação passou de 44% para 42%, enquanto a desaprovação se manteve em 53%. Já no Centro-Oeste e Norte, os índices praticamente não mudaram: a aprovação ficou em 48%, e a desaprovação passou de 50% para 49%.

PERCEPÇÃO

Os resultados gerais mostram uma queda de cinco pontos porcentuais na aprovação do governo, que agora é de 47%, enquanto a desaprovação subiu para 49%. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.

A pesquisa é a primeira a captar os efeitos da crise do Pix sobre a avaliação do governo. Neste mês, a oposição usou as redes sociais para acusar o governo de ampliar a coleta de informações de pagamentos via Pix para cobrar mais impostos. Diante da repercussão, o governo suspendeu a medida.

Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o assunto ultrapassou a marca de 300 milhões de visualizações no Instagram. Na pesquisa Quaest, o impacto do assunto é perceptível: a “regulação do Pix” foi a notícia negativa mais citada, de longe, com 11% – a segunda colocada foi mencionada por 3%. São 66% os brasileiros que acham que o governo errou em sua atuação sobre o tema.

REVOGAÇÃO

Nas últimas semanas, o governo precisou revogar a medida que ampliava o monitoramento sobre transações financeiras, incluindo o Pix, diante de uma onda de circulação de notícias falsas e distorcidas sobre o tema, entre elas a de que haveria taxação dos pagamentos. Após o assunto ser fortemente explorado pela oposição, o governo publicou uma medida provisória para reforçar tanto a gratuidade quanto o sigilo do Pix.

Na última pesquisa Genial/Quaest, realizada em dezembro do ano passado, a aprovação do trabalho de Lula estava em 52%, e a desaprovação, em 47%. Ou seja, enquanto a desaprovação subiu dois pontos, a aprovação do governo caiu cinco pontos. Em ambos os casos, os movimentos foram acima da margem de erro da pesquisa.

Apesar disso, o porcentual dos eleitores que acreditam que Lula é bem-intencionado ainda supera o daqueles que acreditam que ele tem más intenções – 47% a 46%. No entanto, 65% disseram que o petista não tem conseguido fazer o que prometeu na campanha eleitoral, e só 20% acham que tem conseguido.

A mesma conclusão é possível quando a pergunta é sobre a avaliação do governo – e não só do trabalho do presidente. De dezembro para cá, o porcentual dos que avaliam o governo de forma negativa subiu de 31% para 37%. A avaliação positiva caiu de 33% para 31%. Já os que avaliam o governo de forma regular eram 34% em dezembro, e agora são 28%.

EVANGÉLICOS

Dentre os diferentes grupos demográficos que compõem a sociedade, os evangélicos são os que menos aprovam o trabalho do presidente. Só 37% avaliam positivamente, e 59% rejeitam. Também são mais críticas do petista pessoas autodeclaradas brancas (60% de rejeição), que ganham mais de cinco salários mínimos (59%) e moradores da Região Sul (59%).

A pesquisa Genial/Quaest reúne as regiões Centro-Oeste e Norte no mesmo bloco. Nas duas regiões, a avaliação positiva do presidente ficou estável, em 48%.

A avaliação do governo Lula segue as mesmas tendências da avaliação do trabalho do presidente. Na Região Nordeste, a aprovação do governo caiu 11 pontos porcentuais, de 48% para 37%, enquanto a avaliação negativa e a regular subiram de dezembro para cá. Apesar disso, a região é a única onde a avaliação positiva do governo ainda é maior do que a negativa, segundo o levantamento da Quaest.

Além da polêmica do Pix, há um descontentamento com os preços da comida. Desde outubro passado, o número de brasileiros que veem o preço dos alimentos no mercado subindo cresce. Em outubro, 65% acreditavam que esses preços tinham subido no último mês. Agora, são 83%. A percepção não parece se aplicar, porém, a outros preços, como o dos combustíveis (queda de 59% para 57% dos que dizem que o preço subiu) e das contas de água e energia elétrica.

Estadão Conteudo

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