Agronegócio

Pecuaristas e exportadores pedem mudanças em vacina

Associações de produtores rurais e de exportadores de carne pedem mudanças na composição da vacina contra a febre aftosa aplicada no rebanho bovino. Em nota técnica divulgada nesta segunda-feira (10) a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e mais cinco entidades querem a retirada de uma substância denominada saponina da vacina, a redução da dosagem e determinação de aplicação exclusivamente por via subcutânea.

Esta substância seria uma das responsáveis pelo aparecimento dos chamados abscessos no rebanho bovino – os caroços que levaram os Estados Unidos a suspenderem as importações de carne bovina in natura do Brasil no fim de junho. A alegação das entidades vai no caminho contrário de uma nota técnica divulgada pelo Ministério da Agricultura, a qual afirma que a causa dos abscessos está na aplicação da vacina e não na composição.

Segundo o assessor técnico da CNA, Rafael Linhares, a saponina não fazia parte da formulação original da vacina contra a febre aftosa e foi acrescentada pela indústria veterinária ao longo dos anos. “Conhecendo a formulação original, vimos que hoje alguns laboratórios incluem essa substância, que não faz parte da formulação original”, afirmou Linhares ao Broadcast Agro.

Segundo a nota, a saponina foi adicionada à vacina oleosa com o intuito de antecipar a data de avaliação da potência da vacina. “Este teste deveria ser feito 56 dias depois da primo-vacinação, mas possivelmente por razões econômicas, a indústria desejou antecipar esta avaliação para 28 dias”, diz a nota.

Linhares disse também que a irritação provocada pelo elemento foi demonstrada em trabalhos científicos dentro do Centro Panamericano da Febre Aftosa (Panaftosa). Um estudo científico afirma que a aplicação da vacina contendo a substância por via intramuscular pode levar a formação de abscessos, “inclusive assépticos, isto é, sem agentes contaminantes externos como bactérias, mas causados pela capacidade da saponina de provocar reações pós vacinais nos tecidos periféricos”.

Outra reivindicação das associações é a redução do volume da dose, de 5 ml para 2 ml, e a aplicação exclusivamente por via subcutânea para evitar “prejuízos desde o descarte de carne (condenadas no abate) até embargos de importantes países importadores de produtos cárneos”.

Além da CNA, assinam a nota também a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) e Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Redação

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