Política

Paulo cumpriu seu papel de cidadão, diz Taques sobre pedido de investigação

O governador Pedro Taques (PSDB) defendeu seu primo, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e disse que ele cumpriu sua função quando esteve no Governo do Estado.

Paulo é apontado como responsável por repassar os números de telefones da ex-amante e ex-servidora pública, Tatiane Sangalli Padilha, da assistente dele à época, Carolina dos Santos, e do jornalista de oposição José Marcondes, o Muvuca, para serem interceptados durante a operação Forti, da Polícia Civil.

A acusação foi feita pela delegada Alessandra Saturnino, em depoimento à Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso, no dia 20 de junho, no âmbito do inquérito policial aberto após a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, afirmar que havia indícios de que interceptações telefônicas foram feitas de forma clandestina durante a Operação Forti, deflagrada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), em 2015.

“O então secretário Paulo Taques me comunicou que existia uma pessoa que estaria mantendo relações com João Arcanjo Ribeiro. Eu pedi ao [ex-secretário da Sesp] Mauro Zaque e Fábio Galindo [ex-adjunto da Sesp] que comparecessem ao meu gabinete. O Paulo relatou a eles e Zaque pediu para procurar a delegada Alessandra. Ele a procurou e contou o caso para ela”, disse Taques, em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta terça-feira (18).

Qual é a suspeita sobre Paulo Taques? Ele iria pedir para a delegada fazer grampo? Se ele pedisse para a delegada assaltar um banco ou assassinar alguém, ela faria? Ele cumpriu o papel constitucional e de cidadão. Comunicou o fato na Sesp

“Qual é a suspeita sobre Paulo Taques? Ele iria pedir para a delegada fazer grampo? Se ele pedisse para a delegada assaltar um banco ou assassinar alguém, ela faria? Ele cumpriu o papel constitucional e de cidadão. Comunicou o fato na Sesp”, completou. 

Taques ainda criticou as suspeitas que pesam contra membros do Executivo, de que estariam envolvidos no esquema de escutas ilegais no âmbito da PM.

“O que me causa espécie (estranheza) é que parece que tudo o que falamos não é verdade, mas os que os outros falam, é”, pontuou.

Pedido de investigação

Na época do pedido das escutas telefônicas, Saturnino era secretária-adjunta de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). 

Em seu depoimento, a delegada afirmou que no fim de fevereiro de 2015, o secretário-adjunto da Pasta, Fábio Galindo, lhe chamou para uma reunião, que foi acompanhada por Paulo Taques.

Na reunião o então secretário, segundo Saturnino, disse que sua ex-amante estaria sendo recrutada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, preso há 14 anos.

Paulo Taques disse que havia tomado conhecimento que João  Arcanjo estaria recrutando Tatiane com o propósito de criar uma relação conjugal com finalidade dele conseguir a transferência para o Sistema Prisional de Mato Grosso. Ele ainda informou que quem possivelmente estaria ajudando a Tatiane com informações privilegiadas era Carol, funcionária do gabinete de Casa Civil”, disse a delegada.

De acordo com  Saturnino, na reunião, Paulo Taques ainda disse que a união entre Arcanjo e Tatiane também tinha como objetivo “arquitetar um atentado contra a vida do governador [Pedro Taques]”, e do próprio ex-secretário.

Paulo Taques, segundo Saturnino, relatou que teve um relacionamento extraconjugal com Tatiane e sabia que ela era capaz de arquitetar tal atentado, uma vez que estava com muita raiva dele, por conta da não aceitação do término do relacionamento.

“Paulo Taques falava de forma bem incisiva e dizia que estaria vazando informações do gabinete dele e do governador. Ele supunha até o sumiço de documentos e desconfiava de Carol, que seria conhecida de Tatiane”, disse.

Saturnino declarou que Paulo Taques lhe entregou um papel onde constavam três números de telefones e apontou dois como sendo utilizados por Tatiane e pela Carol. O terceiro seria do jornalista José Marcondes, o “Muvuca”.

Diante das informações recebidas, a delegada disse que acionou a então diretora de Inteligência da Polícia Civil, Alana Cardoso, e que elas concordaram que a possível transferência de Arcanjo para o sistema prisional estadual estava em consonância com as investigações realizadas dentro da operação Forti, que apurava a existência “escritórios de crimes” dentro de unidades prisionais, com o intuito de promoverem crimes como tráfico de drogas e homicídios.

“A doutora Alana disse que estava com uma representação por interceptação telefônica da Operação Forti pronta e que iria incluir aqueles dois números na representação e assim foi feito”, disse.

Saturnino declarou que após o deferimento da Justiça, em conversa com Alana, chegaram ao nome do policial Raphael Meneguini pela experiência do mesmo na área de inteligência e por ser muito técnico. “A compartimentação dos alvos restritos recebeu o nome de ‘Pequi’, somente para questões de gerenciamento, mas a operação em andamento era a Forti”.

De acordo com a delegada, os serviços de interceptação foram feitos por Meneguini, em sua própria sala na Sesp. Todos os equipamentos, de acordo com Saturnino foram oficiais.
 

Leia mais

{relacionadas}

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões