Opinião

PAU-BRASIL

Datas de cunho comemorativo, religioso, cívico e histórico se espalham pelos 365 dias do ano. Aliás, a sobreposição de festejos, seja de que natureza for, é recorrente no calendário. Para todos os gostos, há o que celebrar. Maio inicia com o Dia Internacional do Trabalho, seguido do Dia do Sertanejo, do Marechal Rondon, do Silêncio, da Europa, do Museu, do Gari, da Língua Nacional, do Bombeiro, do Vigilante e de tantos outros. Dentre tantos outros está O Dia do Pau-Brasil, 3 de maio.

Perto da extinção, o pau-brasil, Caesalpinia echinata, em 1978, foi declarado a árvore nacional, única espécie protegida por lei. No início da colonização no Brasil, os portugueses descobriram como obter lucro através da extração do vegetal. Para isso, por mais de 30 anos utilizaram a mão de obra indígena para cortar, aparar e arrastar os troncos até o litoral para serem levados à Europa.

Uma Carta Régia de 1542 elaborada pela Coroa portuguesa impôs normas para o corte da madeira e atos punitivos para o seu desperdício. Claro que essa medida não visava à proteção das matas e sim ao controle da sua saída para a obtenção de lucro. Mas o documento oficial assinado pelo monarca não fez o efeito esperado. Calcula-se que a cada ano trezentas toneladas de madeira atravessavam o Mar Tenebroso. Além da frota portuguesa, piratas, especialmente franceses, chegavam ao litoral brasileiro em busca do pau-brasil para tingimento de tecidos e carpintaria.

O pau-brasil é nativo da Mata Atlântica. Outrora cobria uma faixa de 3 mil quilômetros do litoral brasileiro. Nos dias de hoje, raros são os nichos naturais de pau-brasil. O vegetal, também chamado de orabutã, brasileto, ibirapitanga, ibirapita, ibirapitã, muirapitanga, pau-de-pernambuco, pau-rosado, deu nome à declaração de Oswald de Andrade – Manifesto da Poesia Pau-Brasil – que ousou apresentar novas noções que iriam nortear sua poesia e de outros modernistas brasileiros. O vegetal deu origem ao nome deste país: inicialmente escrito com 'Z'.

Anna Maria Ribeiro Costa

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Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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