A Assembleia Nacional (parlamento) da Coreia do Sul aprovou, nesta sexta-feira (9), o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Park Geun-hye, envolvida em um escândalo de corrupção que paralisou sua administração e provocou grandes protestos em todo o país.
A moção que destitui a chefe de Estado passou com mais de dois terços dos votos e levou pouco mais de uma hora para ser votada: foi aprovada com 234 votos a favor, 56 contra, 7 nulos e duas abstenções.
O resultado transfere imediatamente os poderes de Park ao primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn, à espera da decisão do Tribunal Constitucional, que deve ratificar ou invalidar a decisão parlamentar. O processo no Tribunal Constitucional só prosseguirá se for aprovado por seis dos nove juízes.
Todo o processo pode levar 180 dias, embora especialistas sul-coreanos estimam que esse tempo pode ser reduzido para dois meses.
Com a decisão do parlamento, a presidente, primeira mulher a comandar o país, está privada de todos seus poderes à frente do Estado, desde o controle do Exército até o direito a veto ou decisões de política externa, em benefício do primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn.
O processo contra a chefe de Estado surgiu após a imprensa sul-coreana ter revelado que Choi Soon-Sil, amiga de Park há 40 anos, aconselhava a presidente nos assuntos de Estado sem exercer nenhuma função oficial ou ter habilitação para isso, além de usar sua proximidade com o poder para obter vantagens pessoais.
Choi, de 60 anos, é chamada de "Rasputina" pelos meios de comunicação locais, em referência a Rasputin, o místico que exerceu uma grande influência sobre o Czar Nicolau II da Rússia no início do século 20.
Acusada de ser uma “cartomante xamânica” pela oposição, Choi é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-Min, chefe autoproclamado de uma seita chamada Igreja da Vida Eterna.
Ele, que já era ligado ao pai da presidente, converteu-se em mentor de Park Geun-Hye depois do assassinato de sua mãe, em 1974. De acordo com um relatório da agência de inteligência coreana da década de 1970 citado pelo “New York Times”, o religioso se aproximou de Park dizendo que conseguia se comunicar com a mãe dela em sonhos.
Segundo a imprensa, Choi Soon-Sil teria herdado de seu pai, morto em 1994, uma influência pouco apropriada sobre a presidência. O ex-marido de Choi Soon-Sil, inclusive, havia sido um dos principais adjuntos de Park até sua eleição, em 2012.
Rumores dizem que Choi teria criado um grupo secreto de conselheiros presidenciais não oficiais chamado “as oito fadas” ou “as oito deusas”, mas não há detalhes sobre quem seriam essas oito pessoas.
Fonte: G1