Foto Ahmad Jarrah
O presidente do Conselho Regional de Saúde de Mato Grosso (CRM-MT), Gabriel Felsky, comparou a atual situação do Pronto Socorro de Cuiabá com áreas de guerra e de países africanos muito pobres. A situação foi constatada após vistoria do órgão entre os dias 17 de junho e 7 de julho deste ano.
As principais precariedades encontradas pelo CRM foram a superlotação, falta de insumos básicos para tratamento e curativos nos pacientes, estrutura inadequada e numero de funcionários muito aquém da adequada. “Realmente parece que estamos andando e trabalhando em campos de guerra ou em países da África onde se usa o que tem”, taxou Felsky.
O presidente do órgão explicou, enquanto passava vários slides durante a coletiva de imprensa, que as atuais condições do PS da capital estão totalmente caóticas. “Não se tem dignidade humana, uma pessoa doente que fica exposta nos corredores da unidade, com soros grudados com esparadrapos nas paredes que estão caindo pó, mofo e infiltrações”, alertou o médico.
Questionado sobre as possíveis saídas para a crise, Gabriel Felsky disse que é necessário a contratação imediata de mais profissionais de saúde como médicos, enfermeiros, técnicos e farmacêuticos. Além disso, um plano de cargos e salários atraentes para os médicos trabalharem em regiões estratégicas do estado, para assim desatolar a demanda por Cuiabá.
“Para se ter uma ideia no Pronto Socorro há quatro farmácias e uma profissional fica responsável por toda a demanda de medicamentos. Quanto o ideal teria que ter no mínimo 16 servidores. Em uma sala, por onde passamos 36 pacientes eram atendidos por dois técnicos de enfermagem. A população não pode ser penalizada desta forma com a ingestão das autoridades”, reclamou.
O médico também disse que em condições ideais o PS de Cuiabá deveria ser interditado imediatamente para reforma e restruturação do sistema. “Contudo sem outras alternativas de unidade de saúde pública, em Cuiabá, para onde seriam levados todos os paciente daquele lugar?”, questiona o presidente.
Hospital São Benedito
Conforme o relatório do Conselho, nem mesmo a inauguração do Hospital São Benedito atenderá a demanda que o PS tem. “Se o segundo Pronto Socorro ficasse pronto, mais o hospital São Benedito ficassem prontos hoje, ainda assim, acho que não atenderia a atual demanda”, argumentou.
O relatório foi encaminhado para o Ministério Público Estadual e secretarias de saúde do estado e da prefeitura. As fiscalizações foram feitas por conselheiros do CRM e pelo promotor Sérgio Silva da Costa.