Os funcionários da área operacional da Central dos Correios em Várzea Grande continuam em greve. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso, Edimar Leite.
O movimento paredista teve início nesta terça-feira (28), devido a alegada falta de condições de trabalho, devido ao grande número de pombos no local. De acordo com o sindicalista, uma equipe de limpeza realiza uma “faxina” no local e uma empresa de dedetização foi contratada para "acabar" com os animais.
“A gente continua parado enquanto não concluir, enquanto não resolver. O Correios iniciou a limpeza hoje. Nossa reivindicação é que seja feita essa limpeza completa, que os animais sejam retirados do local e levar os servidores para fazer um check up [na saúde]”, explicou Leite ao Circuito Mato Grosso.
Os caminhões com encomendas estão descarregando, porém, o processo de separação e distribuição está parado. “As encomendas estão entrando, sendo descarregadas mais não estão sendo tratadas”. De acordo com o presidente, ainda não há previsão para a volta aos trabalhos.
Entenda a paralisação
Os funcionários da área operacional da Central dos Correios, no Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, no bairro , deflagraram greve nesta terça-feira (28), após perderem o colega de trabalho Celso Luis, 43 anos.
O servidor Celso morreu no último domingo (26), após passar 15 dias internado no Hospital Santa Rosa em Cuiabá. O servidor dos correios teve morte cerebral confirmada e foi vítima de neurocriptococose, doença contraída por vias respiratórias, ao inalar fungos encontrados em fezes de pombos. Ele era funcionário dos Correios de Várzea Grande há 23 anos.
Ao Circuito Mato Grosso, Edimar Leite, disse que diretoria regional dos Correios foi notificada sobre o problema e por diversas vezes notificada para solucionar a situação. “O setor é imundo. Tem fezes até nos bebedouros. Desde que assumimos o sindicato há quatro anos, viemos notificando a empresa, mandando informativos, ofícios para a presidência. Notificamos a Delegacia Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, mas não aconteceu nada”, lamentou.
Segundo Edimar, o diretor regional dos Correios, chegou a responder um dos ofícios informando que havia resolvido o problema de forma paliativa. “Para resolver o problema de forma definitiva como solicitávamos ele disse que não seria possível devido à falta de recursos. Mas em 2016 devolveu para a administração central R$ 2,7 milhões do orçamento que havia no Estado. Então, recurso tinha, só faltou querer cuidar do problema”, criticou.
O outro lado
Por meio de nota, a Superintendência dos Correios em Mato Grosso falou sobre as ações de prevenção que são desenvolvidas em relação aos pombos. Confira:
"Em relação à internação do empregado dos Correios em Mato Grosso, Celso Luis Gomes, informamos que a empresa tem prestado suporte à família e aos demais empregados e colegas de trabalho.
Em respeito à Legislação Ambiental, os Correios atuam por meio de ações para evitar a infestação de pombos em todas as suas unidades.
Essas ações incluem desde proteção com telas em locais de maior vulnerabilidade, instalação de cortinas de borrachas em portas de entrada, repelentes para evitar o pouso dos animais, além da instalação de equipamento sonoro ultrassônico com objetivo de espantar as aves.
As medidas vêm sendo tomadas pela empresa em alinhamento às demandas apontadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e têm dado resultado, tanto que nas atas recentes não há registro de reincidência sobre o assunto.
Com relação à unidade onde o empregado Celso Luis Gomes trabalha, além das ações citadas, outras medidas serão desenvolvidas em caráter prioritário, desde a limpeza geral das torres e dos condicionadores de ar do prédio, dedetização da unidade e a realização de exames preventivos nos empregados do setor".
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