Nacional

Para TCU, atraso da Anatel põe em risco transmissão da Copa

A constatação é de um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), ao qual a Folha teve acesso.

Segundo o documento, foram concluídas licitações referentes a apenas 11,6% dos R$ 45,7 milhões que a reguladora deveria ter comprometido em 2012 com projetos exigidos pelo Gcopa (Comitê Gestor da Copa 2014, grupo do Executivo que acompanha as ações de preparação para a Copa do Mundo de 2014).

Trata-se de duas concorrências para a compra de equipamentos. Em apenas uma delas a compra foi efetivada.

Em resposta ao TCU, a Anatel afirmou que 8 de 31 projetos estão fora do prazo.

Diante da situação, o tribunal concluiu que há risco de a agência não obedecer os prazos impostos para modernização de sua estrutura -o que pode gerar, por exemplo, problemas para a transmissão dos jogos da Copa do Mundo pela TV.

Parte dos projetos pendentes visa à criação de uma infraestrutura específica para controlar "usuários mal-intencionados ou desavisados que venham a utilizar dispositivos não compatíveis com padrões estabelecidos no Brasil", uma das possíveis causas para que haja interferência nas transmissões.

"O risco de interferências pode gerar distúrbios que degradariam por completo a qualidade do sinal, impedindo a visualização de imagens e audição das transmissões", destaca o relatório.

CELULAR

O descompasso entre os prazos impostos pelo Gcopa e a atuação da agência também ameaça a fiscalização do serviço móvel que será oferecido pelas teles aos usuários estrangeiros e brasileiros.

Cabe à agência, por exemplo, assegurar que haverá roaming nas redes móveis para atender aos turistas que vierem para o Brasil.

Também é responsabilidade da Anatel acompanhar a implementação, nas cidades-sede da Copa, das redes 4G, tecnologia que permite navegação dez vezes mais rápida na internet do que a 3G.

SEM FISCALIZAÇÃO

Para desempenhar essas e demais atividades, a agência ainda precisa ampliar seu quadro de servidores. De acordo com o TCU, os projetos são complexos e a falta de pessoal representa um entrave à realização das ações.

O tribunal não identificou qualquer formalização de pedido para novo concurso feito pela agência.

As dificuldades da Anatel em se alinhar às demandas são antigas. O país foi escolhido sede da Copa em outubro de 2007, mas o planejamento da agência só ficou pronto em setembro de 2012, quase cinco anos depois.

O órgão de controle verificou ainda que a fiscalização da Anatel sobre o uso do dinheiro dos projetos da Copa é "inexistente" e que não há transparência sobre a utilização da verba ou andamento dos projetos.

A reguladora tinha previsão de gastar R$ 170 milhões com os projetos da Copa, de 2012 a 2014.

Além dos R$ 45,7 milhões que deveriam ter sido investidos em 2012, outros R$ 100,06 milhões em 2013 e R$ 24,7 milhões em 2014.

OUTRO LADO

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que "cumprirá a contento" todos os objetivos previstos para a Copa do Mundo.

Em resposta às questões da reportagem sobre as conclusões do relatório do TCU, a reguladora encaminhou nota dizendo que "tem adotado todas as providências" para que sejam cumpridas as metas, "com transparência e publicidade".

A Anatel afirma que, no dia 21 de fevereiro, começou a dar publicidade aos projetos, com a veiculação de uma notícia sobre investimentos de R$ 52,5 milhões nos projetos da Copa do Mundo de 2014, que seria o total a ser aplicado em 2012.

Segundo a agência, diferentemente do que diz o TCU, não só foi feito todo o investimento previsto para o ano como foram adiantados R$ 6,8 milhões da verba de 2013 para possibilitar a realização de pregões.

Os recursos totais, de acordo com a agência, foram aplicados na realização de sete leilões.

Todos eles, segundo a Anatel, foram realizados para a aquisição de novos aparelhos para fiscalização e melhoria da base de dados da reguladora.

A Folha, no entanto, verificou no Siafi –sistema de pagamento do governo federal que registra os recursos públicos comprometidos e pagos– e, no ano de 2012, não encontrou registro de nenhum pagamento da Anatel para os projetos citados no relatório do TCU.

"As providências da Anatel são acompanhadas permanentemente pela auditoria interna e pelos órgãos de controle (CGU e TCU), que contribuem positivamente, com suas recomendações, para a boa condução dos trabalhos", concluiu.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Fonte: FOLHA.COM

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus