A afirmação foi feita ao jornal "Valor" pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
A medida, segundo Chipp, é manter os reservatórios das hidrelétricas o mais cheios possíveis, para evitar problemas de abastecimento de no ano que vem, quando acontece a Copa do Mundo.
Na entrevista ao "Valor", Chipp afirmou que não existe previsão nem mesmo para o desligamento das térmicas a óleo, de custo de operação mais elevado.
Procurado pela Folha, o diretor da ONS não falou. A assessoria do órgão disse que não poderia confirmar nem desmentir a informação.
NOVO PADRÃO
A expansão da geração de energia com fontes térmicas, mais caras e poluentes, é reflexo direto de uma decisão tomada na última década pelo Brasil. Após a pressão ambientalista, o país aceitou reduzir o tamanho das novas usinas hidrelétricas. A consequência foi a redução da capacidade de guardar água nas usinas.
A necessidade de reforçar permanentemente a produção termelétrica, no longo prazo, é confirmada pelo secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura.
"As hidrelétricas sozinhas já não dão conta de atender a demanda do país", afirma Ventura, responsável por moldar toda essa mudança.
"Já usamos termelétricas para complementar a oferta, mas o que precisamos agora é buscar térmicas com custo de combustível barato para fazer com que gerem durante todo o tempo, como fazem as hidrelétricas."
O governo se convenceu de que precisará adicionar térmicas na base da geração para atender o crescimento da demanda de 4,8% ao ano ao longo desta década.
Até 2021, horizonte do atual Plano Decenal de Energia, a carga necessária para abastecer o Sistema Interligado passará de 61,5 mil MW para 90,3 mil MW médios.
O uso das termelétricas no país não é novo –o investimento cresceu após o apagão de 2001 e, hoje, soma mais de 30.000 MW em capacidade instalada. Mas elas eram contratadas para eventualidades, e não para o dia a dia.
Fonte: FOLHA.COM