Política

Para Dilma, discutir plano B ao nome de Lula é como pedir renúncia

A presidente cassada Dilma Rousseff comparou as discussões sobre um possível plano B à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos pedidos pela sua renúncia, quando ainda estava no poder. Segundo Dilma, nos dois casos, o que está por trás é uma tentativa de legitimar o “golpe” que, conforme ela, foi iniciado com o impeachment e ainda está em andamento. 

“Essa discussão sobre o plano B é igual a discussão sobre 'renuncie, presidente'. Pediam, 'renuncie, presidente, é um gesto de grandeza'. Gesto de grandeza nada. É a tentativa de mascarar o golpe”, disse Dilma, no início da tarde desta segunda-feira (22).

A presidente cassada participou do seminário "Diálogos Internacionais Sobre a Democracia", promovido pelas fundações Perseu Abramo (PT) e Maurício Garbois (PCdoB), em Porto Alegre. O evento, que contou com a participação de dezenas de líderes sindicais, de movimentos sociais e partidos de esquerda da América Latina, faz parte das mobilizações em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado quarta-feira, 24, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), na capital gaúcha.

Conforme Dilma, a possibilidade de Lula ser impedido pela Justiça de participar das eleições deste ano é um reflexo do que chamou de “derrota do golpe” iniciado com o impeachment. Segundo ela, a partir do momento em que a (1) Operação Lava Jato se voltou contra lideranças de partidos que apoiaram o impeachment, como PSDB e MDB “inviabilizando todas elas”, (2) as forças que assumiram o poder não conseguem construir um nome para enfrentar Lula nas urnas e que o (3) ex-presidente recuperou a imagem e passou a liderar as pesquisas de intenção de voto, os adversários do PT passaram a apostar na ilegibilidade do petista.

“Este processo constrói a derrota do golpe e explica também o acirramento da disposição para atingir o presidente Lula”, disse ela.

Dilma repetiu o discurso de boa parte dos petistas segundo o qual um presidente eleito sem a participação de Lula nas eleições assumiria o cargo sem a legitimidade necessária para conduzir o País rumo à saída da crise.

De acordo com a presidente cassada, a crise econômica iniciada em 2008 não é “culpa nossa” e a questão fiscal que levou ao impeachment foi construída para justificar sua saída do poder.

“Se criminalizou a política anticíclica que nós fizemos chamando de gastança”, disse Dilma, que classificou a PEC do Teto aprovada pelo governo Michel Temer de “austericídio” e é alvo de críticas públicas do próprio Lula sobre a má condução da política econômica.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões