O Profissão Repórter acompanhou uma operação do Ibama contra o desmatamento e os garimpos clandestinos.
A base de fiscalização do Ibama fica em Novo Progresso (PA). De lá, os agentes partem em uma força-tarefa que combate o desmatamento e o garimpo ilegal. A cidade paraense é conhecida por ser campeã de desmatamento.
A presença do Ibama na região é um incômodo, não só para os madeireiros, mas para toda a população. Comerciantes e moradores dizem que a presença dos fiscais no município atrapalha a economia de Novo Progresso.
As autoridades locais também desaprovam o rigor do Ibama. O atual prefeito tem uma multa ambiental de quase R$ 7 milhões por ter gado em uma área embargada, mas afirma que não sabia da situação da terra quando comprou. Já a família do ex-secretário de Meio Ambiente acumula mais de R$ 16 milhões em multas ambientais.
Em uma das operações, um helicóptero percorre a Floresta Amazônica em linha reta, por 160 quilômetros. Não demora até que o primeiro garimpo em funcionamento é encontrado. Os agentes do Ibama expulsam os trabalhadores do garimpo e colocam fogo no acampamento e nas máquinas. Esse é o procedimento padrão para fechamento dos garimpos ilegais.
Para encontrar madeireiros, o Ibama usa caminhões na fiscalização. Os veículos utilizados na operação foram apreendidos e não chamam a atenção dos criminosos. As estradas abertas pelos madeireiros são precárias, quase intransitáveis, o que dificulta o trabalho dos agentes. No oeste do Pará, o desmatamento avança rápido. Os madeireiros destroem uma área que corresponde a cinco campos de futebol por dia.
Os índios que conhecem a região das reservas ajudam as equipes do Ibama em algumas operações. Alguns deles também são brigadistas, contratados por seis meses, para monitorar as queimadas.
Em Rondônia, na região das terras indígenas Cinta Larga, o tráfico de diamantes é assunto discutido em todo canto, mas poucos assumem a extração ilegal. Uma única pedra de diamante pode valer R$ 2 milhões. Em uma semana, em um único garimpo ilegal, foram vendidos R$ 12 milhões. Todo esse diamante é ilegal, uma riqueza imensa, que produz cobiça e tragédias.
Quem extrai, carrega ou vende diamante de terra indígena está cometendo diversos crimes federais, de acordo com a lei brasileira. O material sai do Brasil de forma ilegal e acaba em joalherias internacionais.
Os índios assumem que os garimpeiros pagam uma comissão para aos caciques, para trabalhar dentro da reserva. Com a falta de pagamento ou desentendimento entre eles, acontecem as matanças.
Em maio, o Ministério Público Federal disse que um novo massacre de garimpeiros pode acontecer a qualquer momento e cobrou a Polícia Federal para impedir a exploração na terra indígena. Procuramos a Polícia Federal diversas vezes para saber sobre o andamento da fiscalização no local, mas ninguém retornou nossas ligações e emails.
Fonte: G1