Como símbolos de nacionalidade, os Estados Unidos têm a águia, a França o galo, o Chile o condor, o Brasil o papagaio. Uma ave do gênero Amazona, o papagaio é também chamado de louro, loiro, ajeru, ajuru, jeruejuru. Em geral, a espécie forma um casal por toda a vida, alcançando a idade de 80 anos quando criado em cativeiro.
Mas a imagem do papagaio não existe somente na representação da nacionalidade brasileira. A espécie aparece em diversas passagens da história do Brasil. Podemos citar os papagaios da carta de Pero Vaz de Caminha, quando o Brasil também era chamado de Terra dos Papagaios. Sérgio Buarque de Holanda, no livro ‘Visões do Paraíso’, mostra que a mesma ave é a prova da existêncida do paraíso
O papagaio aparece também ligado ao alemão Humboltd, ao descobrir que a ave é a única falante viva da língua do povo Maipuré (ou Aituré), então exterminado. Tem o papagaio de Mário de Andrade, de ‘Macunaíma’, que remenda a linguagem parnasiana para contar a história do herói sem nenhum caráter. Ah! Tem o Zé Carioca do Walt Disney, um personagem brasileiro no corpo de um papagaio de ar matreiro e de reputação galhofeira, criado no Rio de Janeiro, no Copacapana Palace, nos idos de 1940, numa política norte-americana para reunir aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Teve a sangrenta Operação Papagaio, em 1972, que combateu os guerrilheiros do Araguaia, quando os militares chegaram à região do Pará e do Tocantins.
O papagaio também aparece no cenário indígena. Não apenas para colorir o céu ou para ornar artefatos, mas para dar nome a uma operação de retomada do território tradicional do povo Arara do Aripuanã, Mato Grosso, em 1987. Instituída pela Funai, a operação Papagaio Baleado foi liderada por um técnico de Enfermagem daquela instituição para proteger os índios ameaçados por grileiros.
A imagem do papagaio na identidade nacional tem sua razão de ser. Sem dúvida, encarna as múltiplas identidades do Brasil.