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Papa Leão XIV critica ricos em 1º documento de alto nível de seu papado

O papa Leão XIV criticou a forma como os ricos vivem em uma “bolha de conforto e luxo” na primeira exortação apostólica de seu pontificado, publicada nesta quinta-feira, 9.

“Assim, num mundo onde os pobres são cada vez mais numerosos, assistimos, paradoxalmente, ao crescimento de uma elite abastada, vivendo numa bolha de conforto e luxo, quase num outro mundo em comparação com as pessoas comuns”, escreveu.

O documento, intitulado “Dilexi Te” (“Eu te amei”, em latim), foi iniciado pelo papa Francisco – que morreu em abril deste ano, após 12 anos de pontificado -, informou o Vaticano, sem especificar em que medida ele contribuiu para o texto. Uma exortação apostólica é um escrito pontifício oficial por meio do qual o papa dirige aos fiéis ensinamentos concretos sobre questões espirituais, sociais ou morais.

Leão XIV seguiu a linha de seu antecessor e fez um apelo para que o amor aos pobres seja o centro da missão da Igreja Católica. O pontífice pediu por uma mudança de mentalidade em relação às pessoas marginalizadas e criticou a desigualdade do sistema econômico mundial e “uma cultura que descarta os outros”.

“Devemos nos comprometer cada vez mais para resolver as causas estruturais da pobreza”, escreveu o líder da Igreja Católica. O Banco Mundial estima que cerca de 8,5% da população vivia com menos de US$ 2,15 por dia em 2024, o limite da pobreza extrema.

“Quando a Igreja se ajoelha ao lado de um leproso, de uma criança desnutrida ou de um moribundo anônimo, ela cumpre sua vocação mais profunda: amar o Senhor onde ele está mais desfigurado”, escreveu.

O documento de 49 páginas foi assinado pelo papa em 4 de outubro, quando é celebrado o dia de São Francisco de Assis. A data foi uma dupla referência ao seu antecessor que, nessa mesma data em 2023, publicou sua exortação apostólica “Laudate Deum”, sobre a crise climática.

No texto, dividido em 121 pontos, Leão XIV retoma a crítica à “ditadura de uma economia que mata” e à “tirania invisível” dos mercados financeiros, chamando os fiéis a “fazer ouvir, de diferentes maneiras, uma voz que desperte, que denuncie”. Ele também lembrou da importância da caridade e criticou a hipocrisia dos cristãos que “se deixam contagiar” por “ideologias mundanas”.

O papa insistiu na importância do acolhimento dos imigrantes, outra prioridade de Francisco, e lamentou que os naufrágios de embarcações com mortes sejam reduzidos a “notícias marginais”. Ele lembrou ainda do caso do menino sírio Alan Kurdi, encontrado morto em uma praia do Mediterrâneo em 2015.

*Com agências internacionais.

Estadão Conteudo

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