O papa Francisco alertou nesta sexta-feira (19), em visita à floresta amazônica peruana, que os povos indígenas originários "nunca estiveram tão ameaçados quanto agora".
Francisco se reuniu com cerca de 3.500 indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos no ginásio do Centro Madre de Diós, em Puerto Maldonado, na Amazônia, no segundo dia de visita ao Peru.
Os representantes de povos indígenas citaram as "crueldades e injustiças" que sofrem e pediram que ele proteja a Amazônia. Hector Sueyo e Yésica Patiachi, do povo harakbut, se encarregaram de contar a dramática situação e foram aplaudidos pelo público ao final da história.
"Os nossos irmãos indígenas de várias regiões da Amazônia sofrem com as explorações dos nossos recursos naturais. Atualmente, muitas pessoas de fora invadem os nossos territórios: madeireiros, garimpeiros, companhias de petróleo", começaram o relato.
Os dois contaram que a vida da população foi completamente alterada com a chegada de pessoas interessadas em explorar o solo. "Entram nos nossos territórios sem nos consultar e nós sofreremos muito e morreremos quando essa gente perfura a terra para tirar água preta metalizada, sofreremos quando envenenem e desperdiçam os nossos rios que se transformam em águas pretas da morte", continuaram.
Os indígenas também pediram auxílio na educação das filhos, para que não sofram discriminação e mantenham a história e a sabedoria ancestral vivas.
Outro testemunho foi o de María Luzmila Bermeo, de 64 anos, da etnia awajún. Segundo ela, a Amazônia tinha "bons costumes e os pais formavam os filhos com bons valores, mas agora muitos jovens se perderam" e adquiriram vícios hábitos ruins que afetam toda a comunidade.
Ela denunciou ações abuso contra a natureza e fez um apelo: "Que as autoridades nos ajude a conservar as florestas, para manter o nosso ambiente limpo e para que possamos respirar o ar puro novamente, como quando eu era criança"