A Armênia e diversos historiadores dizem que até 1,5 milhão de pessoas foram sistematicamente mortas por forças otomanas em 1915.
A declaração do papa irritou a Turquia, que tem consistentemente negado que as mortes constituíram um genocídio. O Ministério de Relações Exteriores do país requisitou uma reunião com o representante do Vaticano em Ancara.
Para o correspondente da BBC em Roma, a fala é um lembrete das raízes da Igreja Católica no Leste da Europa e no Oriente Médio.
O presidente armênio, Serzh Sargsyan, estava presente na cerimônia. A polêmica ainda hoje azeda as relações entre a Armênia e Turquia.'Ferida que sangra'
O papa usou pela primeira vez a palavra genocídio para classificar as mortes há dois anos, o que levou a um protesto da Turquia.
Na missa de domingo na Basílica de São Pedro, ele disse que a humanidade havia vivido "três tragédias consistentes e sem precedentes" no século passado.
"A primeira, que é amplamente considerada como 'o primeiro genocídio do século 20', atingiu o seu próprio povo armênio", disse ele, fazendo referência a palavras usadas pelo papa João Paulo 2º em 2001.
O papa Francisco também se referiu aos crimes "cometidos pelo nazismo e pelo stalinismo" e disse que outros genocídios haviam se seguido no Camboja, Ruanda, Burundi e na Bósnia.
Ele disse que era seu dever honrar a memória daqueles que foram mortos.
"Ocultar ou negar o mal é como permitir que uma ferida siga sangrando sem enfaixá-la", acrescentou o papa.
Neste domingo, o papa também homenageou o místico do século 10 São Gregório de Narek, declarando-lhe um doutor da Igreja. Segundo a agência de notícias AP, apenas 35 pessoas já receberam este título.
A Armênia considera o dia 24 de abril de 1915 como o início dos assassinatos em massa. O país tem uma longa campanha para que haja mais reconhecimento do que ele considera como um genocídio.
Conflito político
Em 2014, o primeiro ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ofereceu pela primeira vez condolências para os netos de todos os armênios que perderam a vida.
Mas ele também disse que era inadmissível que a Armênia transformasse a questão "em um assunto de conflito político".
A Armênia diz que até 1,5 milhão de pessoas morreram em 1915-1916 com a divisão do império otomano. A Turquia diz que o número de mortes foi muito menor.
A maioria dos especialistas não turcos considerado as mortes como genocídio. Entre os Estados que reconhecem formalmente o genocídio estão Argentina, Bélgica, Canadá, França, Itália, Rússia e Uruguai.
A Turquia afirma que muitos foram mortos em confrontos durante a Primeira Guerra Mundial e que os turcos étnicos também sofreram no conflito.
Fonte: BBC BRASIL