O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, declarou que "conta com a Igreja Católica, em sua liderança e direção espiritual, para continuar a trabalhar em estreita colaboração com as Nações Unidas para promover uma vida digna para todos".
"Nós apreciamos profundamente seu compromisso pessoal para erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável", afirmou a Jorge Bergoglio, antes de convidá-lo "na primeira oportunidade possível" a Nova York para "expor sua visão" de mundo na tribuna das Nações Unidas.
Ban Ki-Moon, um sul-coreano, pediu-lhe, durante a sua visita em agosto a seu país, para "enviar uma mensagem de cura e reconciliação aos povos da península coreana" dividida.
O Papa argentino, apesar de elogiar o seu trabalho, apelou às agências da ONU que não aceitem "a exclusão econômica, a cultura do desperdício e da morte, que, infelizmente, poderia tornar-se uma mentalidade passivamente aceita".
"As metas futuras de desenvolvimento sustentável devem abordar as causas estruturais da pobreza e da fome, para buscar resultados substanciais para a proteção do meio ambiente, garantir um trabalho decente para todos e uma proteção adequada para a família".
Para Francisco, "a vida é inviolável desde a concepção até a morte natural": uma clara condenação ao aborto e à eutanásia.O assunto é polêmico. Esta semana, a Santa Sé foi fortemente criticada por especialistas do Comitê das Nações Unidas contra a Tortura, não só apenas sobre a pedofilia, mas também por sua oposição ao aborto.
Os especialistas têm comparado à tortura a atitude da Igreja que desencoraja as mulheres pobres, mesmo exploradas e violentadas, de abortar. O chefe da delegação da Santa Sé, o arcebispo Silvano Tomasi, respondeu que o aborto também é uma forma de tortura.
A Santa Sé, disse ele, condena "todas as formas de tortura, incluindo aqueles que são torturados e mortos antes mesmo de nascer".Especialmente desde as Conferências do Cairo sobre a População (1994) e de Pequim sobre a Mulher (1995), a ONU e a Igreja se opõem sobre a questão da contracepção, o aborto, os preservativos e os direitos das mulheres.
O confronto tem outros reflexos. Nem todos os religiosos/os católicos seguem os preceitos da Igreja sobre o preservativo e a pílula, por exemplo.
As agências da ONU acusam o Vaticano de promover a natalidade excessiva em sociedades sem recursos, o que vai de encontro ao seu papel de contribuir para o desenvolvimento.
Já o Vaticano acusa a ONU de violar os "direitos naturais" à vida e à família, de ser malthusiano e promover um 'imperialismo cultural', no qual projeta as concepções de sociedades avançadas do norte são impostas às culturas do sul.
Trinta chefes das agências da ONU acompanham o secretário-geral Ban Ki-moon.
G1