O papa Francisco voltou a falar hoje (21) dos casos de pedofilia na Igreja Católica e fez uma de suas declarações mais categóricas sobre os crimes. Jorge Mario Bergoglio admitiu que o Vaticano “demorou” para investigar os abusos sexuais e anunciou que jamais concederá graça a sacerdotes condenados por esses crimes. “O abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja ensinam”, disse o Papa, em um discurso à Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores.”A Igreja enfrentou esses crimes com atraso. Talvez a antiga prática de transferir as pessoas [de dioceses], de não enfrentar o problema, adormeceu um pouco a consciência”, argumentou.
Segundo Francisco, “apenas um caso de abuso deve bastar para uma condenação, sem recurso de apelação”.”Quem for condenado por abusos sexuais pode pedir graça ao Papa, mas eu nunca assinei uma graça desta e nem assinarei”, prometeu.
O Papa também comentou que os “escândalos de abusos sexuais são um estrago terrível para toda a humanidade, os quais atingem tantas crianças, jovens e adultos vulneráveis em todos os países e em todas as sociedades”. “Foi uma experiência muito dolorosa para a Igreja. Sentimos vergonha pelos abusos cometidos por ministros consagrados, os quais deveriam ser os mais dignos de confiança”, criticou. A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores (CPPM) foi criada em 2014 por Francisco, que assumiu a liderança da Igreja Católica em 2013, após a renúncia de Bento XVI. A comissão é formada por oito pessoas: Catherine Bonnet (França) Marie Collins (Irlanda), Sheila Baroness Hollins (Reino Unido), Cardeal Seán O’Malley (Estados Unidos), Claudio Papale (Itália), Hanna Suchocka (Polônia), Reverendo Humberto Miguel Yañez, S.J. (Argentina), Reverendo Hans Zollner, S.J.
(Alemanha).
O grupo é formado por religiosos e laicos e tem como meta contatar dioceses regionais e institutos católicos em várias regiões do mundo para discutir, investigar e prevenir casos de pedofilia. Hoje em dia, o grupo tem status de Comissão Pontifícia e conta com mais nove membros extras: Bispo Luis Manuel Alí Herrera (Colômbia), Gabriel Dy-Liacco (Filipinas), Bill Kilgallon (Nova Zelândia), Kayula Lesa (Zâmbia), Hermenegild Makoro (África do Sul), Kathleen McCormack (Austrália), Robert W. Oliver (Estados Unidos),Peter Saunders (Inglaterra) e Krysten Winter-Green (Estados Unidos).
O Vaticano mantêm as investigações de casos de pedofilia em sigilo. Mas, por décadas, a prática da Santa Sé era de apenas transferir de dioceses os sacerdotes que haviam sido denunciados por práticas criminosas. (ANSA)