Pai de primeira viagem, o auxiliar de escritório Edmundo dos Santos, 44 anos, ainda se emociona ao falar do contato com o filho Kalleb, que completou um mês neste sábado (9). “No começo, foi um choque. Fiquei com medo de encostar, machucar, deixar cair. Hoje já troco fralda, dou banho, ando com ele pelo hospital. Meu coração bate muito forte quando sinto o coraçãozinho dele batendo junto”, diz. Kalleb nasceu com oito meses de gestação, pesando apenas 1,6 kg.O eletricista Antonio Carlos Ribeiro, 27 anos, mal consegue encontrar as palavras para definir a sensação. “Poder pegar a Beatriz no colo, tão pequenininha, é muito bom. Vou passar o Dia dos Pais no hospital, mas com um sorriso enorme no rosto. Não consigo nem explicar”, afirma. Beatriz completa duas semanas de vida neste domingo (10), e é a segunda filha de Antônio. A comemoração da família Ribeiro será no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde Beatriz está internada para ganhar peso.
A coordenadora do Método Canguru no Distrito Federal, Rita Ejima, explica que a técnica começou “por acidente”, como paliativo para a falta de estrutura para acolher os recém-nascidos. “Às vezes, não tínhamos incubadoras disponíveis, e colocávamos a criança pele a pele com a mãe para que ela pudesse monitorar respiração, batimentos. Com o tempo, percebemos que essas crianças se desenvolviam mais rápido, ganhavam mais peso e tinham um vínculo maior com a mãe”, explica.Em pouco tempo, os pais também aderiram à tarefa. Os bebês são colocados em contato direto junto ao peito dos pais, em posição vertical. A interação direta previne infecções, melhora o desenvolvimento neurológico e acalma as crianças, que dormem melhor e choram menos. Para as mães, outros efeitos importantes: a redução da depressão pós-parto e o estímulo à produção de leite.
“As mães esperam um bebê de propaganda, rosadinho, gordinho. Quando têm um parto prematuro, veem um bebê mais debilitado e ficam isoladas do próprio filho, o choque é muito grande. Com esse método, os pais têm contato imediato com a criança, não há essa separação”, explica a doutora Rita Ejima.O método canguru é acompanhado por uma equipe médica com diversas especialidades – entre elas, psicólogos, enfermeiros e pediatras. Os bebês recebem alta quando atingem o peso de 2,5 kg, mas as famílias são orientadas a continuar o contato em casa. “Já comprei meu macacão, e vou continuar passeando com o Kalleb. Quero ficar grudado no meu filhão”, antecipa Edmundo.
G1