Guilherme Augusto Braga, Mariana Dolabella e o filho Mateus em frente à loja da família, no Distrito Federal (Foto: Guilherme Augusto Braga/Arquivo Pessoal)
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região concedeu a um servidor público de Brasília o direito a quatro meses de licença-paternidade, em vez dos cinco dias previstos em lei. A Justiça entendeu que a mulher do servidor administrativo da Polícia Federal Guilherme Braga, que é dona de uma papelaria no Sudoeste, não pode se ausentar por muito tempo de seu estabelecimento comercial. Cabe recurso à decisão.
Braga, de 29 anos, e a companheira, Mariana Dolabella, de 33, tiveram o primeiro filho, Mateus, há três meses. Para garantir os cuidados com o recém-nascido e não sobrecarregar a mãe, Braga decidiu entrar na Justiça para tentar ampliar o período de licença.
"No trabalho me deram uma licença-paternidade de cinco dias, um absurdo né? As pessoas ainda têm aquela ideia de que a mulher deve cuidar da casa e dos filhos e o homem apenas tem de trabalhar. Eu queria acompanhar tudo de perto, ajudar. Só a amamentação já é um desgaste. Imagine ter que acordar sozinha de madrugada, trocar fralda e cuidar quando o neném está com cólica?", conta Guilherme.
Ao G1, o irmão de Braga e advogado da família, Rafael, explicou que por ser empresária, a mãe estava impossibilitada de atender ao mesmo tempo todas as necessidades da criança e as demandas do empreendimento. "A ação se baseou primeiramente na busca do melhor interesse da criança e no direito do genitor de atendê-la. À decisão ainda cabe recurso. Entretanto, esperamos que a licença dos 120 dias seja adquirida."
A loja de Mariana fica a apenas uma quadra da residência do casal. Com a decisão, segundo a mulher, os cuidados com o bebê poderão ser divididos com mais calma e organização. "Ele ainda está no peito e precisa de muita atenção. Com a licença-paternidade, consigo ir na loja e depois volto para amamentá-lo e dar muito carinho."
Segundo Braga, o faturamento da papelaria caiu após o nascimento de Mateus. A loja, que tem duas funcionárias, fornece parte da renda da família. "Minha esposa não tinha mais tempo para cuidar da empresa. Como é época de Natal e a loja também disponibiliza produtos de armarinho, as vendas acabaram caindo. Se não tivéssemos conseguido a decisão, provavelmente a papelaria ia acabar fechando", afirma Braga.
Ele também diz que ficou surpreso ao saber da decisão da Justiça. Segundo o servidor, os únicos casos de licença-paternidade que ele tinha conhecimento eram de pais viúvos ou homossexuais. "Fiquei muito feliz e surpreso, não achava que conseguiria. Ainda não fui liberado do meu trabalho. Disseram que ainda não foram notificados. Entretanto, meu chefe ficou contente e entendeu, até porque ele é pai."
O G1 entrou em contato com a Polícia Federal, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Fonte: G1