Horas depois do enterro do gêmeo siamês Arthur Ledo Rocha Brandão, de 5 anos, que morreu após cirurgia de separação em Goiânia, o pai do garoto, o professor Delson Brandão, postou nas redes sociais neste domingo (1º), uma foto do outro filho, Heitor Ledo Rocha Brandão, que segue internado no Hospital Materno Infantil (HMI) se recuperando da operação. Na imagem, o garoto aparece fazendo sinal de positivo no leito onde está. Ele também escreveu um texto em homenagem aos dois filhos.
"Difícil isso mas preciso dizer que estou feliz. Muito feliz!! Hoje enterrei meu filho e nesse momento de tristeza eu preciso compartilhar um momento de pura alegria. Uma foto de meu filho Heitor Brandão . Desculpe só a imagem fala tudo. Obrigado meu Deus e cuide de meu Toka!", disse o pai.
O professor também publicou um vídeo de Heitor tomandou água e dizendo que está voltando para ficar com o filho: "Espere que pain tá indo ai lhe dar água amor! Viva se eu estava com o coração doido Hj ele se enche de esperança (sic)".
Arthur foi enterrado nesta tarde em Botuporã (BA), após ser velado na casa da avó materna. Ele morreu na noite de sexta-feira (28) após sofrer duas paradas cardíacas.
Já Heitor segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HMI em estado grave. Segundo a unidade, em boletim divulgado nesta tarde, ele respira com oxigênio de apoio e não apresenta mais febre desde que passaram pela cirurgia, na última terça-feira (24).
Siameses
A mãe dos siameses se mudou de Riacho da Santana para Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram no Nordeste.
Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Desde que nasceram, eles eram preparados para a cirurgia de separação. Os siameses passaram por 15 procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano.
A cirurgia de separação durou mais de 15 horas e envolveu 51 profissionais. Os médicos informaram que o procedimento transcorreu dentro do esperado. Inclusive, eles tiveram uma boa notícia, pois, diferentemente do que acreditavam, cada um dos gêmeos tinha um intestino, uma bexiga e uma vesícula.
Horas antes de Arthur morrer, a mãe e o pai visitaram as crianças e viram Heitor acordado pela primeira vez. Eles se emocionaram ao ver o filho abrir os olhos e chamar por Arthur. "Fiquei muito emocionada, sem palavras. Não dá para descrever tamanha emoção, apenas sentir. Não esperávamos vê-lo acordado. Quando chegamos e falei o nome dele, ele abriu os olhos. Levei-o para ver o Arthur e ele jogou beijos para o irmão, que estava dormindo", contou.
Fonte: G1