Cidades

Pai de menino eletrocutado pede a prisão de responsáveis por parque

Corpo do menino Samuel Goulart é velado na manhã desta terça (10) (Foto: Marcelo Elizardo / G1)

Silvio Goulart, pai do menino Samuel Goulart, que morreu eletrocutado em um parque de diversões clandestino no Conjunto de Favelas do Alemão, Subúrbio do Rio, pediu a prisão dos responsáveis, durante o velório da criança, nesta terça-feira (10).

O corpo do menino Samuel Goulart, de 6 anos, será enterrado às 13h desta terça-feira (10) no Cemitério de Inhaúma, no Subúrbio do Rio. A criança estava na fila de um brinquedo do parque quando foi eletrocutado. A Polícia Civil diz que ele pode ter encostado acidentalmente em um fio desencapado. O parque não tinha alvará para funcionar e os donos podem responder por homicídio.

"Acho que a pena máxima para eles seria a prisão. Porque assim que for punido não haverá mais esses parques espalhados pela cidade do Rio de Janeiro. E que os governantes, sei que o Rio é grande, procurem tomar conta de cada espaço. Só assim não teremos mais crianças como o Samuel perdendo vidas", disse o pai.

Muito abalado e sob efeito de calmantes, Silvio lembrou do último contato que teve com o filho. "Ele estava bem. Eu estava vindo para o trabalho e ele me deu um beijo. 'Vai trabalhar papai'. Eu disse sim, ele me deu um beijo e falou bom trabalho. Quando eu volto, a tragédia", disse.

O parque Looping estava instalado no Alemão havia duas semanas. Neste período, não houve nenhuma fiscalização dos órgãos públicos. Os donos arcaram com os custos do velório, segundo a família. A Secretaria municipal de Ordem Pública informou que faz ações de fiscalização, mas que não tem fiscais suficientes pra toda a cidade e que a população deve ajudar fazendo denúncias.

"Se tivesse fiscalização, mas também nós temos que ajudar nessa fiscalização. Um parque dessa maneira tem que chegar e denunciar", disse Márcio Antônio, primo da criança. "Todo dia ele brincava lá em casa com a minha filha. Criança alegre, feliz. Todo dia eles passavam lá pra brincar", completou.

Perícia
Ainda na manhã desta segunda, uma perícia foi realizada no parque e o delegado responsável pelo caso antecipou que algumas irregularidades foram constatadas.

“Um pedaço de fio foi retirado para ser melhor periciado posteriormente”, afirmou o delegado Roberto Ramos, destacando que emendas encontradas nesses fios podem ter sido a causa do choque na criança. “A estrututra toda do brinquedo é de metal e ontem foi um dia chuvoso. Isso potencializa um problema de choque elétrico, porque diminui a resistência coporal da pessoa".

Samuel estava na fila de um dos brinquedos do parque e segurava uma barra de ferro quando houve uma descarga elétrica. "Quando ele subiu a escadinha ele ficou agarrado. Aí eu peguei ele, puxei e levei um choque. Mas aí o impulso foi maior, peguei de novo e consegui tirar, mas quando ele caiu, acho que ele já caiu morto”, lamentou Paula Goulart Freire, mãe do menino.

O parque de diversões Looping funcionava sem alvará, segundo a Prefeitura do Rio. Através de nota, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) informou que o parque localizado na Avenida Itaoca não tinha autorização para funcionar.

O advogado do parque, Hugo Novais, alegou que a empresa estava em fase de obtenção do alvará, mas admitiu que estava operando irregularmente, já que o documento ainda não tinha sido emitido. “Esses documentos estavam sendo providenciados pela empresa. Estavam em abertura, procedimento de manutenção dos brinquedos, estavam analisando as questões técnicas, quando esse incidente ocorreu. É fato que se ele não possui a documentação, que é o alvará, sem sombra de dúvida que estava operando irregularmente. Isso é fato, isso não se questiona”, admitiu Novais.

No entanto, o advogado afirmou que apenas após a perícia técnica será possível esclarecer o que provocou a morte do menino.  “O que se questiona é que se efetivamente houve nexo de causalidade, entre a morte do menor e a ação ou omissão por parte do parque. E é isso que vai ser apurado pela realização da perícia”, destacou. Ainda de acordo com o advogado, o parque se colocou inteiramente à disposição da família da criança para arcar com todas as despesas necessárias.

Segundo Daniele Teotonio, prima do menino, na semana passada, era possível ver a fiação dos brinquedos exposta. "Eu passei lá no parque na semana passada com uns amigos e eu vi os fios com terra por cima. Estava tudo exposto", disse Daniele.

Silvio Lúcio Goulart dos Santos, o pai, disse ainda que não tinha o costume de levar o filho em parque de diversões e preferia que ele fosse ao shopping e brincasse com brinquedos eletrônicos. "Eu preferia levar ele no shopping, porque lá ele brincava nos eletrônicos que não tem contato com a fiação".

Outra criança ferida já teve alta

Além de Samuel, o menino Guilherme Furtado Jorge, de 8 anos, também levou choque e chegou a ser levado para um hospital da região, mas já tinha tido alta na manhã desta segunda. “Quando me dei conta o filho da outra menina já estava no chão. Aí eu parei, perguntei e ela falou que o filho dela tomou uma descarga e quando olhei para trás a menina já estava falado: ‘Tem outro, tem outro’, quando olhei para trás era o meu filho que estava preso, sofrendo a descarga elétrica e coisas de segundo eu dei um ou dois passos para trás e me joguei, me impulsionei até ele e consegui tirar ele da descarga”, afirmou Alex Jorge, pai de Guilherme.

Os funcionários do parque desligaram o brinquedo imediatamente e foram ao socorro dos meninos. Samuel, ainda acordado, foi carregado pelo pai e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão, que fica na Estrada do Itararé, mas já chegou sem vida.

O advogado do parque informou que o parque tem um documento assinado por engenheiros que mostra que não havia riscos. Ele não soube dizer se o parque tinha alvará da prefeitura para funcionar. Mas disse que o está colaborando com a polícia e dando apoio às famílias das crianças.

Fonte: G1

Redação

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