Foto: Ahmad Jarrah
Carlos Alberto de Oliveira, pai do jovem André Luiz de Oliveira, morto durante abordagem policial em agosto de 2016, questionou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE), contra o major da Polícia Militar Waldir Félix de Oliveira Paixão.
O então comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi apontado como autor dos disparos contra o jovem de 28 anos em ação realizada no Bairro CPA 3, em Cuiabá.
De acordo com Carlos Alberto, o policial militar Wanderson José Saraiva também deveria ser responsabilizado pelo crime contra seu filho.
André Luiz foi assassinado com dois tiros, após ter se rendido a Saraiva. O jovem é acusado de ter matado o colega de farda do policial, Élcio Ramos Leite, horas antes de ser executado.
“Fiquei decepcionado com o Ministério Público, pois gostaria que tivessem incluído o soldado Saraiva e o próprio secretário de Estado de Segurança [Roger Jarbas]. Nós o colocamos neste cargo, nomeado pelo governador Pedro Taques que está sendo omisso neste caso”, afirmou Carlos Alberto, que pediu a responsabilização do gestor público.
“Meu filho era prisioneiro do policial Saraiva. Se ele entregou para outro, ele é o responsável. O Saraiva prendeu e chutou meu filho. Além de ter comemorado a execução. Não sei qual é esse privilégio que tele tem, dentro da corporação”, completou.
De acordo com o pai, Jarbas esteve no local do crime momentos depois dos disparos que vitimaram seu filho.
“O governador precisa intervir e rever as pessoas que ele coloca para administrar nosso Estado”, declarou.
“O secretário esteve sim no local do crime, depois que ouviu os dois disparos. A gente não pode tampar o sol com a peneira. A Justiça dos homens precisa ser feita”, disse.
A denúncia
Nesta terça-feira (31), o MPE ofereceu denúncia contra o major Waldir Felix, pedindo sua condenação por homicídio qualificado e fraude policial. Além disso, o promotor de Justiça Jaime Romaquelli, da 2ª promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, requereu a decretação de prisão preventiva de Waldir Paixão para a garantia da ordem pública e segurança a instrução criminal do processo.
O major, que atuava no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegou a confessar o crime, mas alegou ter agido em legítima defesa. Alegação que é combatida pelo promotor, que aponta alterações na cena do crime.
“Essa segunda arma [que estaria sob posse da vítima] surgiu na cena do crime. Nós estamos denunciando também o major por crime de fraude processual, pois foi inventada essa arma, para simular uma legitima defesa”, afirmou.
“As provas demonstram que não havia essa legitimidade em sua ação. A vítima, após rendida, estava sob a tutela do Estado, e o acusado, não em nome da Polícia Militar, cometeu esse crime”, declarou.
O MPE já havia oferecido uma denúncia referente ao caso. No entanto, a ação que já se encontra em fase final foi oferecida apenas contra o irmão de André Luiz, que também é acusado de colaborar com o assassinato do soldado.
O caso
Por volta das 14 horas do dia 2 de agosto de 2016, os policiais militares Élcio Ramos Leite e Wanderson José Saraiva, a paisana, se encontraram com os irmãos Carlos Alberto de Oliveira Júnior e André Luiz Alves de Oliveira, no CPA III, alegando estarem interessados em comprar uma arma.
Élcio acabou sendo assassinado dentro da residência dos irmãos. Na sequência, os policiais que davam retaguarda aos militares saíram em perseguição aos suspeitos. André Luiz Alves de Oliveira foi rendido e, pouco depois, os policiais trouxeram o seu corpo na carroceria de uma viatura do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
De acordo com a denúncia, logo após se entregar a polícia, o jovem foi jogado ao chão e agredido mediante chutes por policiais, o que resultou em diversas lesões por seu corpo.
Após isso, segundo o MPE, ele foi levado para um “cubículo”, isolado por muros altos, sem nenhuma passagem. Neste local, André foi atingido por dois tiros de pistola calibre 40 mm, efetuados pro Waldir Felix.
Veja vídeo da entrevista com Carlos Alberto:
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