Política

Pagot nega ter atuado como interlocutor de pagamento de propina da Odebrecht

Foto Arquivo CMT

O ex-secretário de Infraestrutura e ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, negou que tenha atuado como interlocutor de qualquer tipo de negociata com a construtora Odebrecht, envolvendo suposto pagamento de propina de R$ 12 milhões ao então governador Blairo Maggi (PP), em 2006.

O nome de Pagot foi citado na acusação do Ministério Público Federal (MPF), assinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como intermediador da negociação que teria resultado no pagamento de propina para a campanha de reeleição de Maggi ao Governo.

As acusações contra Maggi, Pagot e  o também ex-secretário Eder Moraes foram reveladas em termos de delação premiada de dois investigados na operação Lava Jato: João Antônio Pacífico Ferreira, diretor superintendente para as Áreas Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht, e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, diretor de contratos da construtora.

No entanto, ele admitiu que em 2004 se reuniu com executivos da construtora para tratar de um passivo do Estado com a Odebrecht referente a uma obra na rodovia MT-010, entre Diamantino e São José do Rio Claro, em 1999. “Fui citado como interlocutor pelo procurador Rodrigo Janot num assunto que não me diz respeito. Vieram me procurar com o interesse de cobrar uma conta e eu disse que essa atribuição não pertencia mais a mim”, disse Pagot, em entrevista a Rádio Capital FM, na manhã desta segunda-feira (17).

De acordo com Pagot, ele orientou os executivos a procurarem a Procuradoria Geral do Estado (PGE/MT), tendo em vista que foi realizada uma “rigorosa auditoria” na Secretaria de Infraestrutura, identificando passivos “não contabilizados” e “irregulares”, em que estaria o valor a receber pela Odebrecht.

Ainda segundo Pagot, o valor apresentado pela empresa não era o mesmo registrado na pasta. A argumentação do Estado para não ter quitado a dívida, era que não havia dinheiro no caixa e dependia de repasses da União. Pagot, entretanto, diz não se recordar do valor cobrado pela empresa nem do valor real da dívida.

“Eles apresentaram uma conta e eu disse que não concordava. Falei para procurarem outras instâncias e não mais a Secretaria de Infraestrutura. Nunca mais foi falado sobre essa conta da Odebrecht, nem de outras empreiteiras, pois eram várias empresas que tinham contas a receber e o procedimento foi idêntico”, justificou o ex-secretário.

Pagot garante que a equipe que fez a auditoria na pasta, coordenada pelo então corregedor do Estado, Ciro Pinheiro, encaminhou um relatório da situação ao Ministério Público Estadual (MPE/MT). Também foram encaminhados os documentos para a Corregedoria Geral do Estado (CGE) e a Procuradoria Geral do Estado (PGE).

Pagot nega que tenha realizado qualquer outra reunião com representantes da empresa investigada na Lava Jato e reforça que o então governador Blairo Maggi, hoje ministro da Agricultura, “não o determinou” a tratar de negociação desta dívida do Estado com a Odebrecht.

Eder de Moraes

Pagot ainda negou que o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, tenha participado de campanha a reeleição de Maggi. No pedido de abertura de inquérito, Janot apontou que Eder foi o responsável por cobrar a propina da Odebrecht, em troca do pagamento da dívida do Estado com a construtora – após o Governo de Mato Grosso começar a receber repasses atrasados da União, referentes a questões previdenciárias oriundas do período anterior a divisão do território estadual.

“Esse cidadão nunca fez parte da campanha do Blairo Maggi. No comitê nós eram varias pessoas, mas essa pessoa que você citou nunca fez parte e também não era interlocutor da campanha”, argumentou. 

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Maggi teria recebido R$ 12 milhões da Odebrecht para a campanha de 2006

Felipe Leonel

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