A polícia de Araçatuba (SP) colheu esta quarta-feira (1º) o depoimento do empresário Maurício Moraes Scaranello, de 35 anos, preso na sexta-feira (26) suspeito de maltratar a enteada e da mãe da criança. Ao chegar a delegacia, quando questionado sobre maltratá-la, Maurício negou com a cabeça e disse "Não, de jeito nenhum". Essas foram as únicas palavras dele à imprensa.
A criança foi levada a um abrigo provisório até que o Conselho Tutelar e Poder Judiciário encaminhem a menina a um familiar. A guarda será passada temporariamente à entidade acolhedora até possível análise do processo do pai biológico que pediu a guarda nesta terça-feira (30), mas após a liminar ter sido expedida. O G1 tentou contato com o advogado de defesa da família, que não retornou as ligações.
A decisão não é definitiva. O acolhimento foi emergencial e proposto pelo promotor da infância e juventude Joel Furlan, que pediu um estudo para saber as condições em que a menina vivia. O juiz responsável, Adeilson Ferreira Negri, analisou o pedido e determinou que o Conselho buscasse a criança, que estava junto com a mãe em uma delegacia, onde prestava depoimento sobre os supostos maus-tratos.
O empresário foi preso na sexta-feira (26) em um condomínio de luxo depois de uma denúncia de tortura e maus-tratos à criança. Além da tortura, foram encontradas no celular do empresário fotos da enteada nua. Segundo a Polícia Civil, a menina estava na casa do empresário trancada e sozinha em um quarto. A mãe, de 21 anos, que também estava no imóvel, negou saber sobre a tortura contra a filha, segundo a polícia.
O depoimento da mãe chamou ainda mais a atenção do Ministério Público. Ela disse à polícia que desconhecia a existência dos vídeos e das fotos. Um vídeo divulgado na segunda-feira (29) mostra o empresário dando uma cebola em vez de maçã para a criança de 2 anos comer. Em outro vídeo que a polícia encontrou no celular do empresário, ele estaria supostamente maltratando a menor; a menina está com muito sono e o empresário não a deixa dormir, dando sustos na criança.
O laudo do Instituto Médico Legal, divulgado hoje, apontou que a menina teve lesões causadas por cola de alta adesão. O documento reforça a tese da polícia de que o empresário Maurício Moraes Scaranello, de 35 anos, usava cola para manter a criança sentada no chão. No depoimento que prestou quando foi preso, no último dia 26, o empresário afirmou à polícia que a existência de cola na menina foi fruto de um "acidente".
O laudo traz informações detalhadas das partes do corpo da menina atingidas pela cola e atesta também que ela não sofreu nenhum tipo de abuso sexual. O resultado foi anexado ao inquérito, que deve ser concluído ainda esta semana.
Prisão mantida
Ainda nesta quarta-feira, a Justiça decidiu manter o padrasto preso. O juiz que analisou o caso negou o pedido de relaxamento de prisão feito pelos advogados do acusado. Na decisão, ele já adianta que nega também a liberdade provisória. As justificativas são: preservar provas para o inquérito, preservar a criança e riscos de integração física e retaliações contra o suspeito. O advogado da familiar tambem foi procurado pra comentar a decisão da justiça, mas não atendeu.
Peritos da Polícia Civil estão verificando os computadores apreendidos na casa do empresário. Os policiais estão analisando o material que vai fazer parte do inquérito e será enviado à Justiça. O laudo da perícia deve ficar pronto até o começo da próxima semana.
G1