Cidades

Pacientes esperam por tratamento que pode evitar retirada de olho

Há cerca de dois anos, Diva Moreira Rodrigues, de 77 anos, começou a perder a visão do olho esquerdo. Os médicos diagnosticaram um melanoma de coroide, tumor que afeta uma camada do globo ocular que fica entre a parte branca do olho e a retina.

No caso de Diva, o tratamento capaz de evitar que seu olho tenha de ser totalmente removido por cirurgia é a braquiterapia. Trata-se de um tipo de radioterapia em que uma pequena placa radioativa é implantada no olho do paciente, agindo diretamente na região do tumor.

O Hospital São Paulo, onde Diva é atendida, é a única instituição pública que já ofereceu esse tipo de tratamento no país. Porém, desde 2013, a placa não está mais disponível e pacientes em situação semelhante à dela não têm mais essa opção disponível.

O produto não é custeado pelo SUS. A própria Unifesp tem de adquiri-lo. Segundo o médico Rubens Belfort Neto, chefe do Setor de Oncologia Ocular do Departamento de Oftalmologia do Hospital São Paulo/Unifesp, sua área já fez o pedido da placa e aguarda o recebimento, mas não há previsão de quando ela estará disponível.

Em nota, a assessoria de imprensa do hospital diz que, até 2013, a braquiterapia era usada através de um projeto de pesquisa, num estudo colaborativo do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental da Unifesp.  "Em 26 de maio de 2014 foi publicada a concessão de registro do produto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, em agosto, o Hospital São Paulo iniciou o processo de compra, que ainda encontra-se em curso", afirma o comunicado.

Espera
Enquanto o material não chega, a equipe médica sugeriu que Diva faça um acompanhamento a cada dois meses na unidade. Enquanto o tumor permanecer estável, ela deve aguardar pela chegada da placa. Caso os exames constatem que ele cresceu, ela deverá fazer uma cirurgia imediatamente para retirar o olho, procedimento chamado enucleação.

“Ela é idosa, já tem 77 anos, e a gente está esperando realmente por essa cura. Enquanto houver uma esperança, temos que nos apegar a ela”, diz Edneia Vicente Rodrigues, filha da paciente.

Edneia conta que a incerteza sobre se a mãe precisará retirar o olho ou não gera muita ansiedade. Além disso, as idas ao hospital a cada dois meses são penosas já que a família vive em Limeira, no interior de São Paulo. “Estamos ansiosos esperando que consiga logo essa liberação.”
O caso de Diva não é o único. O setor de Oncologia Ocular do Hospital São Paulo recebeu no ano passado 424 novos pacientes. Do total, todos aqueles que tinham tumores de até 5 mm poderiam ter sido tratados com a braquiterapia.

Uma placa dura um ano
Belfort Neto conta que a placa necessária para esse tipo de tratamento tem um custo aproximado de 18 mil euros (cerca de R$ 53 mil). Uma única placa dura em média um ano, com a capacidade de tratar um paciente por semana.

Ele observa que, em alguns casos, pacientes entram com ações na Justiça para conseguir o pagamento desse tipo de tratamento pelo SUS. Nessas situações, caso a ação seja vitoriosa, o estado, o município ou a União tem que pagar pelo atendimento em instituições privadas, onde é possível fazer o procedimento por um valor entre R$ 18 mil a R$ 20 mil.

“Se três pacientes se tratarem dessa forma, já paga por uma placa que poderia tratar 50 pacientes”, calcula. “Pior do que isso é imaginar todos os pacientes que não estão recebendo o tratamento e têm o olho removido.”

Como é o procedimento
Uma das instituições privadas que oferece a técnica de braquiterapia no Brasil é o A.C.Camargo Cancer Center. A médica Márcia Motono, oftalmologista da instituição, observa que "a grande maioria dos tumores intra-oculares com as medidas dentro dos limites passíveis de serem tratados com braquiterapia respondem muito bem ao tratamento, evitando assim a remoção do globo ocular".

O tratamento envolve duas pequenas cirurgias: uma de colocação e outra de retirada da placa. Márcia explica que uma equipe de físicos e radioterapeutas calcula o número de dias que a placa ficará implantada no olho do paciente, que recebe alta no dia da retirada da placa sempre que suas condições clínicas permitirem.

Depois de cada procedimento, a placa é esterilizada e pode ser implantada em outro paciente, segundo Belfort Neto. Além do melanoma de coróide, a braquiterapia também é uma opção terapêutica para retinoblastoma e hemangioma, outros tipos de tumores.

Fonte: G1

Redação

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