As últimas pesquisas para a presidência da república apontam quatro destaques: Lula,
Bolsonaro, Tarcísio e Michelle. Como o ex-presidente, pelo menos por enquanto, está
fora da disputa, restam os outros três.
Em todos os cenários testados, o Lula está na dianteira e ganharia o quarto mandato,
mesmo considerando que já está com 80 anos. Nesta idade, convenhamos, ninguém
mantém o mesmo desempenho que tinha na juventude. Estou liberado para comentar
este assunto, sem ser acusado de etarismo, porque faço parte dessa turma.
Para os que creem no livro sagrado dos cristãos, reproduzo o versículo 10 do Salmo 90
(os ateus temos a mania de citar a Bíblia): “Os dias da nossa vida chegam a setenta
anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira
e enfado (..)”.
O presidente costuma indicar a Janja como testemunha de sua jovialidade, mas, não
deve ser levada em conta, porque ela testaria apenas o vigor reprodutivo,
desnecessário para administrar uma nação. O Collor, presidente eleito em 1989 e que
hoje está preso, também vivia alardeando a cor de suas partes íntimas, como se
fossem uma grande qualidade.
Este aqui é um texto (artigo ou crônica) que intencionava tratar de política, mas
enveredou para falar de idosos e suas idiossincrasias. Voltemos aos trilhos.
Não tenho qualquer vinculação partidária. Se aqui escrevo contra o governo atual, é
porque, informando-me diariamente na grande imprensa nacional, estou convencido
de que as finanças públicas estão despencando, embora as pessoas ainda não estejam
percebendo. É como a velha piada do cara que, caindo do vigésimo andar, ao passar
pelo décimo, pensa: até aqui tudo bem.
A despeito de os acontecimentos atuais indicarem a vantagem do presidente, nem
tudo está perdido. O PT não tem outra opção para a disputa que não seja o Lula,
enquanto na direita existem diversos destaques, dois deles, Tarcísio e Michelle, com
grande potencial de votos.
Seria simplório sugerir a união dos dois em uma mesma chapa? Sei que são grandes as
resistências e as disputas de egos na formação das coligações. Este plano precisaria ter
a unção do Bolsonaro, a concordância do Waldemar Costa Netto (PL), o apoio do
Centrão (Ciro Nogueira, Antônio Rueda) e a bênção religiosa do Silas Malafaia.
Precisaria também da disposição do Tarcísio de candidatar-se e da Michelle ouvir o
chamado de Deus para tal missão, como ela mesma declarou.
Mas vozes, cada um ouve as que quer. Na Bíblia (Olha ela aí de novo), Abraão, Moisés
e Jacó ouviram a voz de Deus.
O Guardador de Rebanhos do poeta Fernando Pessoa, interpretava a voz do vento:
“Olá, guardador de rebanhos, / Que te diz o vento que passa?» (indaga um provável
filósofo) /«Que é vento, e que passa / (..) E a ti o que te diz?» /(..) Fala-me de muitas
outras coisas. De memórias e de saudades/ (o filósofo retruca) (..)O vento só fala do
vento. /O que ouviste é mentira, /E a mentira está em ti.”
Não é impossível vencer o Lula: basta a concordância dos caciques citados e da
Michelle ouvir uma ordem de Deus. … Ou, de repente, a voz do vento.
Renato de Paiva Pereira.
Ouvindo Vozes

