Opinião

OS “ZOOLÓGICOS HUMANOS” NA HISTÓRIA GALIBI KALI’ÑA

Este texto está relacionado ao projeto desenvolvido no curso de História da Universidade Federal do Amapá intitulado “História, Antropologia e Relações Internacionais em Fronteiras: presenças indígenas entre o Brasil e Guiana Francesa (séculos XX e XXI)”. Propõe-se a considerar o desenvolvimento histórico das identidades assumidas ou atribuídas a indígenas que vivem/ viveram nas fronteiras do Brasil e da França (Guiana Francesa). Em específico, discute um evento na história do povo indígena que vive no Oiapoque, extreno norte do Amapá, Galibi Kali’ña: as “exposições humanas” que aconteceram no final do século XIX, em alguns lugares da Europa, especialmente na França e na Holanda.

Essas exposições tiveram por finalidade mostrar aos europeus os “estranhos” e “exóticos” habitantes das Américas, reforçando ideias concebidas por base na teoria do Darwinismo Social e em outras teorias racistas que circundavam o meio científico europeu durante o século XIX. Os ameríndios foram levados da Guiana Francesa, onde viviam, para a Europa, e ficaram expostos em espécies de zoológicos com cenários montados para simular o “ambiente natural” em que viviam na América. 

Hoje, mais de cem anos após essas exposições, ainda se encontram impregnados na mentalidade de muitas pessoas esses estereótipos referentes à figura do indígena, o que se agrava ainda mais se formos notar que este pensamento encontra-se presente em brasileiros que vivem no Amapá, onde a presença da cultura indígena está fortemente ligada aos hábitos do cotidiano. 

É imprescindível que se discuta uma reformulação da educação básica, passando pelo currículo até chegar na prática de professores, visando desarticular esses preconceitos e tornar visíveis a história e a cultura dos grupos indígenas que viveram e vivem no Brasil. 

Higor Railan de Jesus Pereira é graduando do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Amapá.

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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