A semana começou com o Dia dos Mortos. Há notícias de que as homenagens aos mortos têm origem indígena, antes da chegada dos espanhóis à América. Com o propósito de homenagear os ancestrais de forma divertida, os Astecas, Maias e outros povos do México celebram a morte com rituais alegres, com música e dança, regadas com fartura de alimentos.
Ao contrário do que ocorre em grande parte dos países, quando as pessoas reservam o dia para rezar e visitar túmulos de seus antepassados nos cemitérios, levando flores e velas, os indígenas do México comemoram o dia com um ritual praticado há mais de três mil anos que exibe crânios adornados para celebrar o renascimento e a morte.
No Brasil, os indígenas das mais de 300 etnias praticam diferentes cerimônias fúnebres e de enterramento. Reservam grande tempo aos preparativos da cova e do corpo morto, ao destino dos pertences e ao enterramento. Todas, sem exceção, guardam luto e acreditam na vida após a morte, quando a alma tem um lugar a seguir para encontrar aqueles que já morreram.
A prática de enterramento está presente em todas as etnias do país. Algumas não têm o costume de enterrar os defuntos em covas, mas em vasos de cerâmica. Neste ano, no Amazonas, durante a construção de uma escola em Tauary, município de Tefé, foram encontradas urnas funerárias indígenas, possivelmente do tronco Tupi. As urnas funerárias, confeccionadas entre o século VIII ao contato com os europeus, têm formato antropomorfo, isto é, apresentam-se de forma semelhante ao ser humano, sobre bancos também de cerâmica.
Em termos museais, consistem em peças de valor arqueológico inestimável, pois auxiliam no entendimento da história da ocupação humana, um patrimônio constitutivo de memória, identidade e cidadania do povo brasileiro. Para os indígenas, são peças elaboradas para prestar homenagem aos ancestrais, que devem ser sempre cultuados por suas experiências vividas, pela transmissão de conhecimentos, pela saudade…