As primeiras baixas da lista de projetos são hotéis prometidos por Eike para a Copa do Mundo e a Olimpíada. O empresário resolveu reformar dois edifícios do Rio de Janeiro para receber visitantes: o Hotel Glória, que funcionaria na Copa, e um prédio no bairro do Flamengo, que estaria pronto para os turistas nos Jogos Olímpicos. Atualmente, a Prefeitura do Rio não conta com nenhum deles nem para 2016.
"Os dois hotéis citados não estão sendo considerados para a oferta de quartos da cidade para os Jogos Olímpicos˜, informou a EOM (Empresa Olímpica Municipal), que monitora a criação de cerca de 16 mil leitos para hospédes da Rio-2016.
O Hotel Glória chegou a receber um financiamento de R$ 190 milhões do BNDES para que fosse reformado e estivesse funcionando na Copa. Após atrasos na obra, a data inauguração foi adiada para abril de 2015. Esse prazo, entretanto, foi anunciado antes de a petroleira de Eike, a OGX, entrar na Justiça com um processo de recuperação econômica. Hoje, a obra está parada.
Também está parada a transformação do Edifício Hilton Santos em um hotel para a Rio-2016. O prédio pertence ao Clube de Regatas Flamengo e foi arrendado à empresa REX, de Eike. O Flamengo informou que já recebeu os pagamentos pelo arredamento. A reforma, porém, nem começou.
Outro projeto que já está fora da lista preparativos para a Olimpíada é a reforma da Marina da Glória. O espaço, que será sede das competições de vela dos Jogos, seria totalmente revitalizado para a Rio-2016. Após brigas judiciais por causa da concessão municipal do local a Eike, a reforma ficou em segundo plano. Estruturas temporárias serão usadas nas competições. "Para receber a competição de vela dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a Marina da Glória precisa de poucas adequações", complementou a EOM.
Em execução
Eike também está envolvido com a recuperação do local de competições de remo na Rio-2016: a Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele fez uma parceria com prefeitura e governo do Estado para melhorar as condições da água do espaço, a qual ainda está de pé. O município e o Estado informaram que Eike cumpriu com suas partes no acordo. Usando um projeto pago pelo empresário, a prefeitura pretende dar continuidade à despoluição da lagoa. O Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 informou que ela já estaria apta a receber as competições caso a Olimpíada fosse hoje.
O estádio do Maracanã também já está pronto para receber a Copa do Mundo e a Olimpíada se elas fossem hoje. Entretanto, o entorno da arena deve passar por reformas até 2016. Quem deve fazer esses investimentos é a concessionária Maracanã S/A, da qual Eike Batista é sócio minoritário. Segundo a empresa, a crise do empresário não afetou os planos da companhia.
Por fim, Eike também é sócio de um consórcio responsável pelo projeto do Porto Olímpico. A iniciativa visa a revitalizar uma área do Rio para a Olimpíada. No local, serão construídos um centro de convenção, um hotel e prédios de apartamentos. Na Olimpíada, isso será usado no apoio à organização e abrigo para árbitros e mídia. A EOM informa que a obra "segue normalmente o cronograma".
Procurado pela imprensa, ninguém do Grupo EBX, conglomerado de empresas de Eike, respondeu à reportagem. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 ratificou que não vê qualquer prejuízo a Olimpíada ligado à crise de Eike. O BNDES, banco que financiou a reforma do Hotel Glória, já declarou que não apoiou a reforma do hotel diretamente por causa da Copa.
Faltam três anos para o início da Olimpíada de 2016, e o evento ainda não tem um orçamento oficial. O que já se sabe, contudo, é que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro custarão mais do que o informado no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede do megaevento.
Apesar de uma boa parte das obras necessárias para a Rio-2016 não ter um custo definido, os projetos relacionados ao evento que já têm, no mínimo, um orçamento inicial custarão R$ 29,2 bilhões. Em 2008, o comitê de candidatura do Rio à cidade-sede da Olimpíada estimou que R$ 28,8 bilhões fossem necessários para a preparação para os Jogos.
UOL