Segundo o delegado Osvaldo Scalezi Junior, responsável pela operação, a organização criminosa, que embarcava cocaína do Porto de Santos para portos europeus, movimentou entre 6 milhões e 10 milhões de euros em apenas um ano. De acordo com o delegado, esse valor foi estimado pela polícia italiana com base no volume de cocaína apreendido no período, 1,3 mil toneladas.
Além do trabalho conjunto entre as polícias do Brasil e da Itália, foram cumpridos simultaneamente 20 mandados de prisão e de busca na Espanha, em Portugal, no Reino Unido, na Holanda, na Sérvia, em Montenegro e no Peru, com apoio da Interpol e dos adidos da PF na Inglaterra, na Itália e na Espanha. Oito pessoas ainda estão foragidas.
Scalezi destacou a importância da cooperação neste trabalho, que resultou na prisão de diversos membros da organização criminosa, que atuava na região de Santos e era responsável pelo recebimento de cocaína dos países produtores, no caso Bolívia e Peru, e pela remessa da droga para a Europa mediante o acondicionamento, em navios, que partiam do porto paulista. Segundo Scalezi, investigações feitas pela polícia italiana indicam que a organização atuava pelo menos desde 2010.
Entre os dez brasileiros presos na operação, seis estavam nas cidades paulistas de Campinas e quatro em Santos. Dois dos presos em Santos eram funcionários de uma empresa terceirizada que opera com gerenciamento de cargas no Porto de Santos. Identificamos a participação de funcionários do Porto de Santos. Eles identificavam o navio e contêineres com destino a portos já participantes do esquema na Europa. Em alguns portos, a organização mafiosa atuante na Itália tinha facilidade para a retirada desses entorpecentes, informou o delegado.
A cocaína, que vinha da Bolívia e do Peru, chegava ao Brasil por via terrestre e ficava armazenada em Campinas. Escolhido o navio e o contêiner para o acondicionamento e a remessa da droga para a Europa, era efetuado o transporte da cocaína de Campinas para o Porto de Santos, acrescentou Scalezi.
De acordo com o delegado, a cocaína era escondida em mochilas e malas de viagem, que eram colocadas em contêineres de navios no Porto de Santos, de forma ilícita, com apoio dos funcionários do terminal. As remessas de cocaína para a Europa eram feitas quase semanalmente. "A rota era rentável e muito usada pelos membros da organização para abastecer a máfia calabresa, disse Scalezi. Segundo a Polícia Federal, os principais compradores da droga eram membros da Ndrangheta, a máfia calabresa. As remessas da organização variavam entre 100 e 150 quilos. No decorrer da Operação Monte Pollino, a PF e a polícia de outros países apreenderam 1,3 mil toneladas de cocaína.
Na ação policial, também foram apreendidos US$ 760 mil. O delegado informou que os dois principais investigados tiveram imóveis e contas bloqueados e que foram apreendidos dez veículos.O tráfico de drogas não enxerga fronteiras ou limites. Por isso, a polícia tem de se esforçar e agir de forma cooperativa internacionalmente, disse o coordenador-geral de Polícia de Repressão a Drogas em Brasília.
AGENCIA BRASIL