Dando continuidade a série de reportagens sobre o legado que será deixado pela atual gestão do governo de Mato Grosso, que vive seus últimos momentos de vida, nessa edição falaremos sobre uma área essencial da segurança pública, especializada em depurar muitos dos aspectos técnicos que compõe cenas dos mais variados tipos de crimes – a criminalística. Estes especialistas, responsáveis pela análise e estudo dos eventos que cercam os crimes, tem ganhado destaque na cultura pop norte americana, sobretudo a televisão.
Séries como CSI, Bones e White Collar apresentam aos telespectadores um vislumbre da realidade vivenciada por esses profissionais, experts em diversas áreas do conhecimento, como física, química, biologia e outras. Entretanto, longe do glamour de cenários paradisíacos e corpos lapidados pela estética padrão da indústria do entretenimento dos EUA, os agentes mato grossenses denunciam um verdadeiro sucateamento desse serviço promovido pelo governo estadual, que diminuiu a verba da área em 85%.
A informação é do presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais do Estado de Mato Grosso (SINDPECO-MT), Allison Fagner dos Santos Trindade.
De acordo com o representante de classe, que atua na Perícia Oficial e Identificação Técnica – POLITEC -, órgão ligado a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP-MT), o governo estadual vem fazendo cortes sistemáticos no orçamento deste serviço público desde 2011. Allison afirma que naquele ano, R$ 10 milhões era o que dispunha a POLITEC para custos operacionais e de manutenção. Três anos depois, em 2014, a verba destinada a ela foi de apenas R$ 2,5 milhões e a projeção para 2015 é ainda pior.
“De acordo com a LDO 2015, a Politec terá um orçamento mínimo – apenas R$ 1,5 milhão. Existem unidades no interior que só existem no papel. Temos conversado com políticos para tentar reverter o quadro mas ainda não há nada definido”, disse Allison.
Um servidor que foi aprovado no último concurso realizado pela POLITEC, no segundo semestre de 2013, endossa as críticas do SINDPECO. Lotado na unidade de Alto Araguaia (410 km de Cuiabá) ele afirma que está há mais de quatro meses em outra instalação do órgão, na cidade Rondonópolis (216 km de Cuiabá), pois a estrutura em que irá trabalhar ainda não esta pronta.
Com 240 peritos criminais e 135 médicos legistas, a POLITEC é o único serviço em Mato Grosso que desenvolve análises técnicas de cenas de crimes. Entretanto, de acordo com o representante dos trabalhadores do órgão, “nenhuma unidade em nossa estado está em boas condições. Todas encontram-se de regulares para baixo”.
“O prédio de Cuiabá está ultrapassado. A unidade de Confresa não pertence ao órgão, é emprestado pela polícia civil. Os pólos de Alto Araguaia e Peixoto Azevedo não tem nada, nem prédio. Os pólos que existem fisicamente carecem de estrutura, ar condicionado, telefone e internet”.