Horas depois de o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff ser aprovado na Câmara dos Deputados no último domingo (18), a oposição ao governo no Senado garante ter número suficiente de votos para afastar a mandatária do Palácio do Planalto por 180 dias.
Ontem, a Câmara autorizou processo por crime de responsabilidade contra Dilma por 367 votos favoráveis, 137 contrários e 7 abstenções – eram precisos 342 para o texto passar. O processo segue para o Senado, que deverá montar uma comissão especial e, depois, analisar em plenário se chancela a decisão da Câmara.
É necessária maioria simples de votos no Senado para que o processo seja aprovado – isso corresponde a 41 dos 81 senadores. Automaticamente, após esta etapa, Dilma é retirada do poder por 180 dias e assume o vice-presidente, no caso Michel Temer (PMDB-SP).
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), garante que a presidente terá o mandato suspenso por 180 dias porque ele diz “conhecer” e “conviver” com outros 80 senadores todos os dias.
— Sou o líder do PSDB. Convivo com os 80 senadores e posso te mostrar nome a nome 45 votos no mínimo para o afastamento. Está absolutamente certo de que a presidente Dilma será afastada temporariamente e, com a conclusão do processo, ela vai perder seu mandato pelo crime de responsabilidade que cometeu.
O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), ex-líder do governo no Senado e agora opositor de Dilma, também assegura que a oposição já tem mais que os 41 votos necessários pelo “sim” ao impeachment de Dilma.
— Hoje a manifestação de senadores e senadoras já é maior que os 41. Na verdade, se tudo ocorrer bem, e não vamos queimar etapas, vamos agir com muito cuidado até para não se judicializar o procedimento, vamos votar no momento adequado cumprindo o regimento e, se Deus quiser, atender à vontade da população brasileira.
Outro opositor, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), avisou que “a ingovernabilidade está instalada e, nós senadores da República, temos essa responsabilidade”. A proposta do democrata é acelerar o processo de análise do processo do impeachment no Senado.
— Podemos resumir ao máximo esse calendário num acordo de procedimentos e votarmos rapidamente o parecer da comissão. Acredito eu que, em no máximo, em 10 dias [haverá a votação do processo e consequente afastamento de Dilma].
— O Senado Federal precisa só de celeridade. É nós encurtarmos o calendário para o Brasil não viver um hiato sem governo.
Reação
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), aposta na influência que os governadores e os Estados têm para reverter o jogo em favor do governo na Casa Legislativa.
— Lá é diferente. A realidade dos Estados termina interferindo de uma forma mais forte que a questão partidária. Tem o trabalho dos governadores, da população que se mobiliza, então, vamos analisar tudo isso a partir de amanhã [segunda-feira].
Costa já se prepara para a formação da comissão especial de impeachment, que terá maioria do PMDB. O partido poderá, inclusive, escolher a presidência ou a relatoria do colegiado, por ter maioria na Casa.
— São 21 membros, pela proporcionalidade, teremos um número maior de integrantes do PMDB, do PT e do PSDB. Mas eu acredito que nós temos e vamos ter um debate mais elevado na comissão que esse aqui da Câmara e creio que vamos conseguir.
O ex-líder do governo e agora opositor Jucá, porém, está muito confiante numa vitória no Senado.
— A partir de amanhã [segunda-feira], a bola está com o Senado. A bola está no tapete azul e nós vamos jogar. O presidente Renan tem dito que presidirá o Senado de forma institucional. Renan é um presidente experiente, é um político habilidoso. Ele agirá com muito equilíbrio.
Fonte: R7