“Devido à rapidez da obra, todo o dia aqui tem duas horas extras por dia. Estava conversando com a Odebrecht [construtora responsável pela obra] no sentido de dar uma limitada nisso”, declarou Medeiros, após fazer uma vistoria no estádio na manhã de hoje. Ele esclareceu ainda que o trabalho por um período ininterrupto é legal. “Não sei o que a empresa combinou com eles [funcionários], se esses 18 dias eram compensados, banco de horas, não sei, mas achamos que há exaustão para uma pessoa que opera um mecanismo tão delicado”, disse.
O operador de guindaste é funcionário da Locar, empresa contratada pela Odebrecht para operar esse tipo de equipamento. A reportagem telefonou para a assessoria de imprensa externa da terceirizada por meio do número informado pela própria empresa, mas não conseguiu retorno até o momento.
Em nota, a Odebrecht informou que, no período relatado pelo ministério, o operador do guindaste ficou, na maior parte do tempo, em área designada aguardando a liberação da peça para o içamento. A construtora destacou que o equipamento foi contratado para manobrar as peças da estrutura metálica de cobertura da arena e que esses trabalhos nunca são contínuos.
Durante a vistoria, a superintendência iniciou a inspeção dos nove guindastes que foram interditados pelo órgão um dia depois do acidente. Os testes incluem, por exemplo, a verificação do peso suportado pelo equipamento. “A máquina levantou 10 toneladas, então queremos ver se os relógios estão marcando exatamente esse valor”, explicou. A equipe do ministério chegou ao local por volta das 9h30 e, até as 14h30, quatro guindastes haviam sido vistoriados. O balanço da inspeção será divulgado ao final do dia.
A expectativa é que até o dia 16 todas as máquinas estejam liberadas, inclusive a grua quebrada, que ainda está no local. Medeiros informou que, além da liberação dos equipamentos, a Odebrecht deverá firmar uma acordo com o ministério sobre horas extras, condições de trabalho e segurança. “Para nós termos a garantia de que nada vai ocorrer no futuro. A empresa vai ter que assinar um compromisso conosco”, disse o superintendente.
A construtora prepara o plano que indicará como será retirada a peça da cobertura que tombou no dia do acidente e destruiu cerca de 10% do estádio. “Nós temos especialistas fazendo estudos para a remoção daquela peça de 420 toneladas. É um processo que envolve uma técnica apurada. É um documento que está em elaboração e assim que concluirmos vamos apresentar aos órgãos competentes”, explicou o gerente comercial da Odebrecht, Ricardo Carragio.
O mesmo documento foi solicitado pela Defesa Civil, que interditou a área do acidente, para autorização de obras emergenciais no local. Enquanto isso, a empresa não pode dar continuidade às obras. As atividades nas demais áreas foram retomadas no dia 2. “Trata-se de um plano que traga segurança para a mão de obra, porque desmontar uma máquina dessa não é fácil. Pode ter acidente ou alguma coisa. Temos que ter um plano aprovado também pelos técnicos do MTE”, explicou Medeiros. O plano de remoção do guindaste, por sua vez, já foi entregue e aguarda avaliação dos técnicos do MTE.
O Itaquerão, como é conhecido, sediará a abertura da Copa do Mundo de 2014 e mais cinco jogos da competição, em junho do próximo ano. Antes do acidente, a previsão para finalização do estádio era dezembro deste ano. A entrega ficou para abril de 2014.
Agência Brasil