Com o início da pré-campanha para as eleições 2018, o governador Pedro Taques (PSDB) vem sofrendo ataques por todos os lados e a oposição já fala abertamente em uma coalizão para impedi-lo de qualquer forma de conseguir a reeleição. A lista de opositores junta aliados improváveis, como o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes, os deputados Janaina Riva e Zeca Viana, mais, ao que tudo indica, a turma do DEM, de Júlio e Jayme Campos.
Nesta semana, primeiro, a filha de José Riva, depois, Zeca Viana, disseram as mesmas coisas com frases diferentes. A primeira afirma que a oposição está unida em torno da ideia de derrotar o atual governador, enquanto o segundo fala que a ideia visa o bem de Mato Grosso, e isso estaria incrustrado em não deixar Taques no Palácio Paiaguás por mais quatro anos. Outros nomes que estariam prontos para tomar a cadeira de chefe do Executivo são Wellington Fagundes (PR) e Percival Muniz (PPS).
Além das manifestações de vontade, todos resolveram bater com força na administração Taques, apontada como confusa, ineficiente e corrupta, entre outros adjetivos não tão lisonjeiros elencados pelos citados. “O maior problema é administrativo. Demonstra que o governo não tem a capacidade de atender as prioridades da população”, disse Fagundes.
“Ele [Pedro Taques] não tem mais moral para falar de ninguém. Era um homem que tinha carta branca da população para fazer o que bem entendesse e hoje é vaiado na rua e em escolas. Esse é o retrato dele hoje. Eu tenho dó dele pela situação a que chegou”, ironizou Janaina Riva. “Ele já falou que o roubo na Seduc não era corrupção, depois, que a grampolândia também não era corrupção. Eu não sei o que é corrupção pra esse homem”, deitou fogo Zeca Viana.
Na terça-feira (6), foi ainda mais longe, votando contrário, e em separado, à aprovação da prestação de contas do governo para o período do ano de 2016 na Assembleia Legislativa. Zeca apresentou oito irregularidades para corroborar seu pedido de reprovação. “O senhor governador burla a lei, manipula a opinião pública e administra desastrosa e irresponsavelmente o Estado”, disse no plenário.
O opositor faz acusações muito mais graves, ao dizer que Taques sabia muito bem o que acontecia no Detran antes de ser governador, mas quando foi eleito passou a se fazer de desentendido quanto aos contratos firmados entre o presidente do órgão, Teodoro Lopes, o Doia, a mando de Mauro Savi (segundo delação premiada do primeiro), com empresas fraudulentas, como a hoje FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação, antes chamada de EIG Mercados Ltda, no valor de até R$ 3 milhões mensais.
Janaina Riva atualmente faz questão de lembrar a aliança de Taques com o deputado Gilmar Fabris, envolvido em investigações de desvio de dinheiro e preso de pijama em setembro do ano passado e solto 40 dias depois, por ordem da Assembleia. Evocou o ex-governador Silval Barbosa, que andou lembrando, durante entrevistas nas várias oitivas às quais é obrigado a participar, que a base de apoio do atual governador é a mesma de seus tempos de Paiaguás. “Se ele olhar bem, vai ver que não tem nenhum deputado da oposição sendo citado em colaborações premiadas, ao contrário dele, que está rodeado”, disse Janaina.
Como era de se esperar, a deputada também relembrou as prisões de Paulo Taques (primo do governador e ex-chefe da Casa Civil), do ex-tesoureiro e empresário Allan Malouf, além de citar a Operação Bereré, no Detran.
Janaina Riva pesou na ironia ao responder à ironia de Taques, dizendo que achava que os processos contra José Geraldo Riva iriam andar, agora que João Arcanjo Ribeiro foi solto. Ela respondeu lembrando que Gilmar Fabris era o primeiro-secretário da AL nos tempos em que o pai dela era o presidente e hoje é “braço direito do governador e a pessoa que mais o defende”.
O deputado estadual Gilmar Fabris responde a mais de 15 processos no Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal de Justiça de Mato Grosso.